O ex-presidente boliviano Evo Morales deixou, nesta quarta-feira (18), uma marcha de seus apoiadores dos Andes até La Paz e explicou que o fez para evitar que o governo vincule o protesto com fins pessoais, um dia depois de confrontos que deixaram 26 feridos.
"Como diz (o governo que) é a marcha de Evo, decidi me retirar da marcha", disse o ex-presidente, que liderou a caminhada, iniciada na terça-feira no povoado de Caracollo, 190 km ao sul de La Paz, e que pretende chegar na próxima semana à sede do governo boliviano.
Consultado se a caminhada será suspensa, o ex-chefe de Estado respondeu: "A marcha é imparável, a marcha vai continuar, com Evo ou sem Evo".
Até esta quarta-feira, a caminhada de mais de 5.000 apoiadores de Evo Morales estava 140 km ao sul de La Paz e seguia avançando.
O ex-presidente boliviano (2006-1019) ratificou que a marcha é contra seu ex-afilhado político Arce, devido à crise econômica, à falta de dólares e combustíveis.
O governo, ao contrário, assegura que o protesto chefiado por Morales é para exigir que os poderes Judiciário e eleitoral aceitem sua candidatura para as eleições presidenciais, em agosto de 2025.
O Executivo insiste em que Morales não pode disputar esta eleição por ter exercito dois mandatos consecutivos. Além disso, em 2016, perdeu um referendo para voltar a se candidatar, embora tenha sido candidato em 2019. A oposição denunciou fraude nas urnas e protestos motivaram sua demissão.
Arce e Morales disputam a liderança da situação e a candidatura à Presidência, embora só o líder cocaleiro tenha anunciado a intenção de se candidatar.
Nesta terça, foi registrado um confronto no pequeno povoado de Vila Vila, onde cerca de 500 seguidores do presidente Arce instalaram um bloqueio para impedir o avanço da marcha.
Mas os seguidores de Morales, muito superiores em número, os agrediram e eles fugiram.
A ministra da Saúde, María René Castro, informou que "são 26 feridos com várias patologias, com fraturas de cotovelo, costela e outros".
Iván Lima, ministro da Justiça, disse na rede X que o governo fará cumprir a Constituição e as leis para evitar que os protestos afetem os interesses dos cidadãos.
Desde a segunda-feira, indígenas vinculados a Morales instalaram sete bloqueios rodoviários nos Andes, em uma estrada que liga La Paz ao Lago Titicaca, compartilhado por Bolívia e Peru.
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