O filme "Cuando las nubes esconden las sombras" do chileno José Luis Torres Leiva abriu, nesta sexta-feira (20), a competição pelo prêmio de melhor filme latino-americano do Festival de San Sebastián, um trampolim para a Europa e para o cinema da região.

O drama, protagonizado pela argentina María Alché, inaugurou a sessão Horizontes, dedicada a filmes latino-americanos, que neste ano engloba produções da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Panamá e Peru.

Em “Cuando las nubes esconden las sombras”, uma ficção que às vezes tem um ar de documentário, Alché interpreta uma versão de si mesma, uma atriz argentina que viaja para Puerto Williams, a cidade mais ao sul do Chile, para fazer um filme.

Devido ao mau tempo, o restante da equipe está atrasado, então María passará dias sozinha na cidade, onde conhecerá os diferentes personagens que povoam esse canto localizado “no fim do mundo”, como descreve Torres Leiva.

O filme mostra Puerto Williams com seu cenário espetacular de montanhas cobertas de neve e florestas densas.

“O lugar tem uma marca tão forte, uma sensação de abismo, de natureza extrema e enorme, de quilômetros, de nada”, da última fronteira antes da Antártica, que provoca ‘essa sensação de estar no limite’, explica Alché em uma entrevista à AFP.

- Locais como personagens -

A origem do filme veio de uma viagem que Torres Leiva fez a Puerto Williams para ser tutor em uma oficina de cinema.

“Fiz essa mesma viagem de barco, passei duas semanas lá, no inverno, e então foi muito especial, com neve (...) Fiquei muito impressionado desde o início por ter essa consciência de estar no fim do mundo e conhecer aquele lugar, aquela paisagem e as pessoas que a habitavam”, diz o cineasta chileno.

“Quando voltei, eu realmente queria fazer um filme lá”, diz ele.

No filme, Alché é a única atriz profissional e as pessoas que ela conhece - um homem que estuda insetos na floresta, um curandeiro indígena, uma jovem que estuda violino - são pessoas locais que lhe contam suas histórias reais.

“O que estava acontecendo era muito espontâneo”, lembra Torres Leiva, que ressalta que ”a maioria das cenas foi filmada apenas uma vez para preservar essa espontaneidade também.

Alché, que voltou a atuar depois de anos como diretora de cinema, nunca havia trabalhado dessa forma antes e admite que isso lhe deu um pouco de vertigem.

“Eu estava com medo na preparação porque era algo desconhecido (...) No começo eu estava mais inquieta, mas depois me entreguei e foi um trabalho muito legal porque claramente no final foi uma performance entre todos nós”, diz a atriz.

- De volta à San Sebastián -

Torres Leiva e Alché são rostos conhecidos no festival de cinema da cidade do norte da Espanha.

Ambos apresentaram filmes na sessão oficial do festival, ele em 2019 com "A Morte Virá e Levará Seus Olhos " e ela no ano passado com "Puan".

“Estou muito feliz por voltar a San Sebastián” porque ‘tem um cuidado e um interesse especial pelo cinema latino-americano, sempre lhe deu um espaço importante’, diz Torres Leiva, para quem é uma ‘honra’ ter aberto a sessão Horizontes.

O prêmio de Melhor Filme Latino-Americano e os outros prêmios desta 72ª edição do festival serão entregues no sábado, 28 de setembro.

du/hgs/jmo

compartilhe