A vice-presidente dos EUA e candidata à presidência, Kamala Harris falou na quinta (19/9) sobre sua disposição de usar sua arma se um intruso entrasse em sua casa.

"Se alguém invadir minha casa, vai levar um tiro", disse ela em um evento transmitido ao vivo em Michigan com a apresentadora Oprah Winfrey.

Depois de uma risada, a candidata presidencial democrata disse que "provavelmente não deveria ter dito isso". "Minha equipe lidará com isso mais tarde", afirmou a democrata.

Harris também lembrou que é dona de uma arma durante um recente debate presidencial.

Depois de Donald Trump afirmar que ela "confiscaria as armas de todos" se eleita, Harris respondeu dizendo que ela mesma era dona de uma arma - assim como seu companheiro de chapa, Tim Walz.

 

 

"Não vamos confiscar as armas de ninguém, então pare de mentir sobre essas coisas", disse ela a Trump.

Apesar de ser dona da uma arma, Harris defende um maior controle sobre a venda de armas nos EUA - especialmente as chamadas "armas de assalto", um termo que define armamentos mais poderosos, incluindo fuzis e armas semi-automáticas (que com frequência são usadas em ataques a escolas nos EUA).

Uma arma de fogo desse tipo foi "literalmente projetada para ser uma ferramenta de guerra", disse ela a Oprah. "Não tem lugar nas ruas de uma sociedade civil."

Harris também falou recentemente a favor de verificações de antecedentes criminais mais completas e das chamadas "leis de sinal vermelho", que permitem que as pessoas solicitem a um juiz o confisco da arma de outra pessoa se ela for considerada um risco para si mesmas ou para outros.

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O tema também surgiu em debate com Trump

Controlar o armamento

 



 

A questão do controle do armamento continua entre mais controversas na política americana, mas ficou em segundo plano em relação a outras áreas políticas nesta eleição.

Essa foi a primeira vez que o assunto foi levantado em um debate neste ano.

Para Harris, foi uma oportunidade para esclarecer seu posicionamento e desmentir as propagandas republicanas de que seu governo confiscaria as armas de todo mundo. Ao explicar que ela é proprietária de uma arma, ela se aproxima dos eleitores mais conservadores que são a favor do armamento, mantendo sua posição sobre maior controle de armas mais perigosas.

Harris também disse que era uma defensora da Segunda Emenda da Constituição dos EUA, que protege o direito à posse de armas.

Agora que a questão foi levantada, seus oponentes usaram o momento para criticar mudanças de posição tomadas por Harris.

Antes ela apoiava um programa de recompra de armas de assalto, mas hoje ela se posiciona contra esse tipo de ação - que envolve o governo comprar as armas dos cidadãos para diminuir o número de armamentos em circulação.

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Líderes democratas, como o ex-presidente Barack Obama, em geral são a favor do maior controle do armamento

Recompras de armas

 

 

As propostas de recompra de armas forçariam os proprietários de armas a entregar seus AR-15 e outras armas de assalto ao governo.

Elas ganharam força durante a corrida primária presidencial democrata da última eleição, quando receberam o apoio de vários democratas, incluindo Harris.

As iniciativas de recompra ocorreram em cidades dos EUA desde pelo menos a década de 1970, embora pesquisas indiquem que elas geralmente são muito caras e não são eficazes como uma estratégia autônoma para conter a violência armada.

Os defensores, no entanto, apontam para o impacto de duas recompras obrigatórias na Austrália após o tiroteio em massa mais mortal em seu território em 1996. O país evitou amplamente a violência armada em massa depois daquele incidente.

Em outubro de 2019, Harris disse que apoiava a retirada de milhões de armas de assalto do país "das ruas, mas fazendo isso da maneira certa". Ela defendeu as recompras como parte de um esforço mais amplo para controlar o "problema claro" da violência armada.

Na época, ela argumentou que os políticos estavam oferecendo aos eleitores "uma falsa escolha" entre proteger os direitos às armas e tirar as armas.

Hoje, no entanto, seu posicionamento mudou.

Harris não explicou diretamente o porquê mudou de ideia sobre os programas de recompra, e sua campanha não respondeu ao pedido de comentário da BBC.

Experiência com uma arma

 

 

O mais longe que Harris já foi ao explicar sua posse de arma também foi em 2019.

"Eu sou dona de uma arma e possuo uma arma provavelmente pelo mesmo motivo que muitas pessoas têm — para segurança pessoal. Eu era uma promotora", explicou ela na época.

Harris começou sua carreira como promotora distrital - ou promotora principal - no Condado de Alameda e depois na cidade de São Francisco. Ela também atuou de 2011 a 2017 como procuradora-geral da Califórnia.

Harris ainda possui a mesma arma, que é uma pistola, de acordo com um assessor. Ela permanece em um local seguro em sua casa na Califórnia.

William Lockyer, um colega democrata que atuou como procurador-geral da Califórnia de 1999 a 2007, disse à BBC que não era incomum que um promotor local ou estadual possuísse uma arma, embora a função venha com sua própria equipe de segurança.

"Não sei sobre a experiência de Kamala como procuradora-geral, mas recebi em média uma ameaça por dia durante meus oito anos", disse ele.

Walz, o caçador

 

 

É raro que autoridades eleitas no partido de Harris falem abertamente sobre sua experiência como donos de armas. Seu candidato a vice-presidente, Tim Walz, é uma exceção notável.

Walz, de Nebraska, cresceu caçando durante as férias de verão e treinou com armas de fogo ao longo das mais de duas décadas que passou como Guarda Nacional.

No início de sua carreira política, ele tinha uma "nota A" da National Rifle Association (NRA), a principal entidade de lobby a favor de armas dos EUA - o que significa que ele era um político pró-armas aos olhos da organização. Ele era frequentemente visto usando um boné da NRA.

Mas Walz mudou de posicionamento em meio a uma série de tiroteios mortais durante a década de 2010, incluindo em escolas em Sandy Hook, em Connecticut e Parkland, na Flórida.

Ele tinha uma "nota F" da NRA quando deixou o Congresso e, como governador de Minnesota, assinou expansões de verificações de antecedentes e outras restrições em lei.

"Eu entendo de armas", ele disse na Convenção Nacional Democrata no mês passado.

"Sou um veterano. Sou um caçador. Eu era um atirador melhor do que a maioria dos republicanos no Congresso e tenho os troféus para provar isso. Mas também sou um pai", disse ele. "Eu acredito na Segunda Emenda, mas também acredito que nossa primeira responsabilidade é manter nossos filhos seguros."

Do lado republicano, Trump se referiu a si mesmo como "o melhor amigo que os donos de armas já tiveram na Casa Branca".

Falando com membros da NRA em fevereiro, ele se gabou de que "não fez nada" apesar da pressão para agir após os tiroteios e prometeu que "ninguém encostará um dedo em suas armas de fogo" se ele for reeleito.

Histórico de Trump

 

 

Como residente de Nova York, Donald Trump possuía três armas de fogo licenciadas, duas das quais ele entregou em 2023 após sua prisão por 34 acusações de falsificação de registros comerciais.

Dizem que a terceira arma foi legalmente transferida para a Flórida, o estado onde ele mora agora.

Sua condenação criminal em Nova York exigiu que sua licença de porte de arma fosse revogada.

Criminosos condenados são proibidos pela lei federal de possuir armas ou munição, mas autoridades na Flórida liderada pelos republicanos não expressaram interesse em confiscar sua arma.

Trump uma vez afirmou em uma entrevista que ele "sempre" carregou uma arma. Pela lei da Flórida, ele pode portar sua arma de fogo escondida e não precisa de uma licença.

A campanha de Trump também disse que seu apoio aos direitos às armas não foi abalado pela tentativa de assassinato em julho, quando um rapaz de 20 anos armado com um fuzil de seu pai disparou pelo menos oito tiros em sua direção e raspou sua orelha direita com uma bala.

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