Em um mundo ameaçado por "riscos catastróficos crescentes" como guerras, mudanças climáticas e pobreza, os líderes dos 193 países da ONU adotaram neste domingo(22) um "Pacto para o Futuro" da humanidade, apesar da oposição de alguns países como Rússia, Venezuela e Nicarágua. 

"Convoquei esta Cúpula porque os desafios do século XXI devem ser resolvidos com soluções do século XXI", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, após a adoção deste texto com 56 medidas para enfrentar os "maiores desafios do nosso tempo". 

Estes desafios vão desde a reforma do Conselho de Segurança da ONU, a arquitetura financeira global, a manutenção da paz e as mudanças climáticas, até questões mais inovadoras, como a inteligência artificial. 

Guterres lançou a ideia da chamada 'Cúpula do Futuro' em 2021, mas nos últimos dias não escondeu sua frustração diante das dificuldades de chegar a um consenso para um texto ambicioso, para o qual pediu aos Estados que mostrassem "visão", "coragem " e "ambição". 

"Acreditamos que existe um caminho para um futuro melhor para toda a humanidade, incluindo para aqueles que vivem na pobreza e na exclusão", diz o texto, ao qual se opuseram Rússia, Venezuela, Nicarágua, Coreia do Norte e Belarus. 

Apesar da oposição dos países liderados pela Rússia, o Pacto e os seus anexos (Pacto Global Digital e Declaração para Gerações Futuras) foram adotados por consenso, mas não são vinculantes. 

Esta nova "caixa de ferramentas" define novos compromissos, abre "novos caminhos para novas possibilidades e oportunidades”, lembrou Guterres, que prometeu trabalhar "para sua concretização até ao último dia" de seu mandato.

- "Passar a ação" -

"Abrimos a porta, agora todos nós devemos passar por ela, pois não se trata apenas de nos entender, mas de agir. E hoje os desafio a agir", disse Guterres. 

Embora existam algumas "boas ideias", "não é o tipo de documento revolucionário" para reformar o multilateralismo que Guterres gostaria, disse à AFP Richard Gowan, pesquisador do International Crisis Group. 

Opinião compartilhada entre diplomatas dos Estados-Membros: "morno", "o menor denominador comum", "decepcionante" são os adjetivos mais frequentes. 

O combate ao aquecimento global foi um dos pontos mais sensíveis da negociação, em particular a "transição" das energias fósseis para as mais limpas. 

- "Sinal positivo" -

Os países em desenvolvimento exigem compromissos concretos relacionados às instituições financeiras internacionais, para facilitar o acesso preferencial ao financiamento de medidas para enfrentar as mudanças climáticas. 

Para a ONG Human Rights Watch, o projeto inclui alguns "compromissos importantes" nesta área, e também acolhe os elementos importantes sobre "direitos humanos". 

Mas "os líderes mundiais devem demonstrar que estão dispostos a agir para garantir o respeito pelos direitos humanos", insiste Louis Charbonneau, especialista da ONG na ONU. 

"Este é um sinal positivo para o caminho a seguir, mas o verdadeiro trabalho está na implementação e os líderes políticos devem transformar esta promessa em ação", reagiu o diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Mads Christensen. 

"Este pacto deve realmente oferecer um futuro que as pessoas desejam: livre de combustíveis fósseis e um clima seguro", concluiu.

abd-af/atm/db/jc/dd

compartilhe