Feridos que chegam em massa aos hospitais e habitantes que fogem aterrorizados: uma atmosfera de terror reina nesta segunda-feira no sul do Líbano, onde a aviação israelense lançou uma enxurrada de bombas, deixando mais de 270 mortos. 

O pânico chegou à capital, Beirute, onde muitos moradores receberam mensagens de alerta israelenses em celulares e telefones fixos. 

"É uma catástrofe, um massacre", disse à AFP Jamal Badrane, médico do hospital Auxílio Popular em Nabatieh, cidade do sul. 

"Os bombardeios não param, bombardearam enquanto socorríamos os feridos", denunciou Badrane. 

O Exército israelense disse ter atingido nesta segunda-feira mais de 300 alvos do movimento islamista Hezbollah no Líbano, em ataques desde a madrugada, sua maior operação contra o grupo pró-Irã desde o início da guerra. 

O Ministério da Saúde libanês anunciou 274 mortos, incluindo 21 crianças, e mais de 5.000 feridos. 

"Os feridos continuam a chegar, a situação é muito difícil", disse um funcionário do hospital público de Tebnine, sul do Líbano, que preferiu não ser identificado.

- Habitantes fugindo - 

Os ataques levaram centenas de pessoas para as ruas, que tentavam fugir dos bombardeios. 

Na cidade costeira de Tiro, "centenas de pessoas chegaram" a uma escola que abriga deslocados, disse Bilal Kachmar, funcionário da agência de gestão de desastres, enquanto muitos "acamparam nas ruas". 

Centenas de veículos com famílias inteiras ficaram presos em imensos engarrafamentos em Sidon, uma importante cidade no sul do Líbano, confirmaram fotógrafos da AFP. 

O jornalista Nazir Rida deixou Beirute às pressas para buscar sua família em Babliyeh. "Ninguém esperava esta escalada repentina. Nosso povo foi poupado das bombas até agora", disse à AFP, nos engarrafamentos em Sidon. 

"Deixei meus filhos na cidade, considerada mais segura do que os subúrbios ao sul de Beirute", reduto do Hezbollah alvo de um bombardeio que deixou 45 mortos, muitos civis, na semana passada. 

Na terça-feira, o ministro da Educação, Abbas Halabi, anunciou o fechamento de todas as escolas do país.

- Edifícios evacuados -

"Recebi uma mensagem no meu celular que dizia 'se você estiver em um edifício onde há armas do Hezbollah, afaste-se'", disse Khaled, morador da capital que não quis revelar seu sobrenome. 

A mesma mensagem, mas gravada, foi recebida nos telefones fixos de vários escritórios, incluindo o do ministro da Informação, Ziad Makary. 

"Quando a assistente do ministro atendeu, ouviu uma mensagem gravada pedindo (aos funcionários) que evacuassem o prédio ou seriam atingidos por bombas", disse o gabinete do ministro.

O ministro denunciou uma "guerra psicológica" travada por Israel. 

A rádio oficial libanesa, localizada no mesmo edifício, recebeu uma mensagem semelhante e seus funcionários saíram do local. 

Escolas e creches de Beirute pediram aos pais que buscassem seus filhos na metade do período, segundo os pais. 

O Hezbollah, poderoso ator político e militar no Líbano, abriu uma frente na fronteira com Israel após o início da guerra em Gaza, em apoio a seu aliado Hamas, no poder no território palestino. 

Os duelos de artilharia em ambos os lados da fronteira se multiplicaram desde as explosões de dispositivos de comunicação de membros do Hezbollah, atribuídas a Israel, que deixaram 39 mortos e quase 3.000 feridos na semana passada.

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