A Califórnia processou a ExxonMobil pela suposta realização, durante décadas, de uma campanha enganosa de reciclagem que, na prática, teria aumentado a compra e o uso de produtos plásticos, informou nesta segunda-feira (23) a procuradoria deste estado localizado no oeste dos Estados Unidos.

A ação judicial apresentada em San Francisco afirma que a gigante petrolífera promoveu a ideia de que todo tipo de plástico era reciclável, apesar de que "a ExxonMobil sabia que a reciclagem mecânica e a chamada reciclagem avançada nunca poderiam processar mais do que uma pequena fração do lixo plástico que produzia".

De acordo com a procuradoria da Califórnia, os cidadãos estariam mais propensos a comprar plásticos de uso único sob esta falsa promessa de reciclagem.

A ação judicial busca, entre outras coisas, que a ExxonMobil se encarregue da limpeza de milhões de toneladas de resíduos plásticos despejados na natureza, além de compensar financeiramente os afetados pelo caso, ações que podem custar bilhões de dólares.

"Durante décadas, a ExxonMobil enganou o público para nos convencer de que a reciclagem do plástico poderia resolver a crise de resíduos plásticos e a contaminação, quando sabia claramente que isso não era possível", disse Rob Bonta, procurador-geral da Califórnia, em um comunicado à imprensa.

"Os plásticos estão em toda parte, das profundezas dos nossos oceanos até os altos picos da Terra, e até mesmo em nossos corpos, causando danos irreversíveis ao nosso ambiente e potencialmente à nossa saúde", acrescentou.

A ExxonMobil não respondeu de imediato aos pedidos de comentários da AFP.

Esta ação jurídica é a mais recente iniciativa da Califórnia para obrigar as empresas a assumirem sua responsabilidade em questões ambientais.

A procuradoria do estado abriu uma investigação contra a indústria petroquímica em abril de 2022 para estabelecer seu papel nessa crise, e a extensa demanda judicial é o resultado deste procedimento.

A ExxonMobil, "o maior produtor de polímeros para a produção de plásticos de uso único", expandiu sua produção no país para 7,7 milhões de toneladas de plásticos por ano em 2023, diz o texto.

"No entanto, durante o meio século em que a ExxonMobil prometeu que a reciclagem resolveria o aumento de resíduos gerados por sua crescente produção de plástico, a taxa de reciclagem de plástico nos Estados Unidos nunca ultrapassou 9%", acrescentou.

Esse percentual foi alcançado graças à exportação de resíduos "disfarçada de reciclagem", esclarece o texto da ação, que estabelece a taxa de reciclagem atual em 5%.

A promotoria também argumenta que o programa de "reciclagem avançada" promovido pela ExxonMobil como uma tecnologia inovadora para trabalhar os resíduos plásticos "oculta fatos sobre suas limitações técnicas".

O órgão afirma que 92% dos resíduos plásticos não se transformam em plástico reciclado, mas em combustíveis primários.

“O programa avançado de reciclagem da ExxonMobil nada mais é do que uma manobra de relações públicas para encorajar as pessoas a continuarem a comprar plásticos descartáveis que alimentam a crise de poluição ambiental”, afirmou a procuradoria.

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