O novo ministro do Interior, o conservador Bruno Retailleau, gerou polêmica na França ao anunciar que utilizará "todas as ferramentas" para reduzir a migração, declarações criticadas até por seus aliados no governo.

Horas depois de assumir o cargo, Retailleau propôs na noite de segunda-feira, em entrevista ao canal TF1, restabelecer "o crime de estadia irregular" e reduzir a assistência médica básica aos migrantes sem documentos, por considerar que "a imigração em massa não é uma oportunidade para a França".

O ministro do partido conservador Os Republicanos (LR) destacou ainda sua vontade de usar o seu "poder regulador" para reduzir a migração, sem a necessidade de passar pelo Parlamento. "Posso ir muito longe", disse.

"Estarei muito atenta a isto. O Parlamento não será ignorado", alertou a presidente da Assembleia Nacional (câmara baixa), Yaël Braun-Pivet, integrante da aliança de centro-direita do presidente Emmanuel Macron, que governa ao lado de LR.

A federação de associações de luta contra a exclusão FAS também condenou as declarações de Retailleau e pediu um "esclarecimento" ao primeiro-ministro, o conservador Michel Barnier, sobre a sua política migratória.

O ministro do Interior, que tem posições sobre migração e segurança próximas da extrema direita, também recebeu críticas do novo ministro da Justiça, o ex-socialista Didier Migaud.

Na segunda-feira, Migaud disse que seu colega de governo "deve saber que a justiça é independente" na França, "algo essencial em uma democracia", e que a "sensação" de que a justiça não condena o suficiente é, algumas vezes, "inexata".

Macron abriu uma crise política com a antecipação das eleições legislativas para junho, que resultaram em uma Assembleia Nacional dividida em três blocos principais: esquerda, centro-direita e extrema direita.

O presidente nomeou Barnier como primeiro-ministro em nome da "estabilidade", mas o governo está longe da maioria absoluta e enfrenta uma moção de censura da esquerda, que só pode prosperar se receber o apoio da extrema direita.

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