Os restos mortais encontrados em julho em um prédio militar no Uruguai pertencem ao militante comunista Luis Eduardo Arigón Castel, desaparecido há 47 anos, durante a última ditadura no país (1973-1985), anunciaram autoridades nesta terça-feira.
O promotor especializado em crimes contra a humanidade Ricardo Perciballe informou que a identidade foi confirmada pelo laboratório da Equipe Argentina de Antropologia Forense, onde foram analisadas amostras de DNA.
Segundo o promotor, Arigón foi privado ilegitimamente de liberdade, torturado e desapareceu "pelo simples fato de resistir à ditadura", e disse acreditar que a descoberta dos seus restos permitirá dar "um pouco de paz" à família da vítima e a toda a sociedade.
Funcionário de livraria, sindicalista e membro do Partido Comunista, Arigón tinha 51 anos quando foi levado de casa, em 14 de junho de 1977, em Montevidéu, por membros das forças conjuntas, uma ação testemunhada por sua mulher e suas filhas. Segundo testemunhas, ele foi vítima de tortura no centro de detenção clandestino La Tablada.
Os restos de Arigón foram encontrados no último dia 30 de julho, no Batalhão 14 do Exército em Toledo, durante escavações em busca de desaparecidos durante o regime militar. A coordenadora do Grupo de Investigação em Antropologia Forense (Giaf), Alicia Lusiardo, destacou que não se pôde determinar a causa da morte, mas que "traumatismos indicam que houve violência".
Os restos de Arigón estavam no mesmo prédio onde já haviam sido encontrados os de outros três desaparecidos durante a ditadura uruguaia.
O diretor do Instituto Nacional de Direitos Humanos, Wilder Tayler, referiu-se ao Batalhão 14 como “um cemitério secreto de desaparecidos”, e disse que o Giaf prossegue com as escavações no local e em outros pontos.
Existem registros de 197 desaparecidos em ações do Estado uruguaio entre 1968 e 1985, período que inclui a violência política anterior à ditadura. A maioria foi presa na Argentina, devido à colaboração entre os regimes de fato do Cone Sul. Dos 30 desaparecidos já identificados, oito foram encontrados no Uruguai.
Segundo Perciballe, pela causa que investiga o desaparecimento de Arigón foram processados com prisão e aguardam a condenação um policial e três militares, um dos quais já morreu.
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