Uma comissão legislativa francesa examinará no próximo dia 2 de outubro uma proposta de destituição do presidente Emmanuel Macron, informou nesta quarta-feira (25) o deputado ecologista Jérémie Iodarnoff, relator do texto.
A proposta, assinada por 81 deputados, sendo 72 do partido A França Insubmissa (LFI, esquerda radical), tem poucas chances de ser adotada, já que requer a aprovação final de dois terços dos legisladores, tanto na Assembleia Nacional (Câmara baixa) quanto no Senado.
Iordanoff explicou em um comunicado que deseja realizar uma "série de audiências para esclarecer o alcance preciso" desse pedido do ponto de vista constitucional, que abriria caminho para um "impeachment" sem precedentes desde a instauração da Quinta República em 1958.
Os socialistas aceitaram transmitir o texto à Comissão de Leis, que o debaterá a partir do dia 2 de outubro, mas já sinalizaram que votariam "por unanimidade" contra esse procedimento, que, segundo afirmaram, corre o risco de "dar uma nova legitimidade" ao chefe de Estado, pois está "destinado ao fracasso".
Os parlamentares comunistas, por sua vez, "certamente serão maioria em não votar a resolução", indicou o deputado daquela bancada, Stéphane Peu.
O ultradireitista Reagrupamento Nacional (RN) rejeitou o procedimento, que sua líder, Marine Le Pen, denunciou como uma "cortina de fumaça" da "extrema esquerda" para esconder seus supostos compromissos com o governo.
O líder parlamentar do partido de Macron, Gabriel Attal, qualificou a proposta de "declaração de guerra contra as instituições".
A mesa da Assembleia Nacional aceitou na semana passada debater a proposta de destituição apresentada contra Macron por se recusar a nomear a candidata a primeira-ministra da coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP, formada pela LFI, socialistas, comunistas e ecologistas), Lucie Castets. A coalizão de esquerda foi a vencedora das eleições legislativas antecipadas de 30 de junho e 7 de julho.
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