Desde a guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah, o influente líder do movimento islamista libanês, Hassan Nasrallah, vivia escondido para escapar do Exército israelense, mas na sexta-feira (28) ele foi localizado e morreu em um bombardeio.
O poderoso grupo islamista pró-Irã confirmou neste sábado a morte de seu secretário-geral em um ataque israelense contra o subúrbio sul de Beirute, reduto do movimento.
Inimigo declarado de Israel, ele fez raras aparições públicas desde a guerra entre o seu movimento e o Exército israelense em 2006. Seu endereço era mantido em sigilo.
Nasrallah, no entanto, recebeu visitantes, incluindo os líderes de grupos palestinos aliados de seu movimento, que publicaram fotos dos encontros.
Os jornalistas e personalidades que o encontraram afirmaram que foram levados pelo Hezbollah, em veículos especiais e com medidas de segurança reforçadas, para um local não identificável.
Nasrallah discursava com frequência e seus pronunciamentos, transmitidos ao vivo, eram acompanhados com atenção em todo país.
Ele era o homem mais poderoso do Líbano, que decidia sobre a guerra ou a paz no país, à frente de uma impressionante milícia fortemente armada.
Religioso, o homem de 64 anos era objeto de um grande culto de personalidade entre os seus seguidores, em particular dentro da comunidade muçulmana xiita da qual era originário.
Era o líder carismático do Hezbollah desde 1992, quando sucedeu Abbas Musawi, morto por Israel.
- Vitória divina -
A partir deste momento, ele comandou de maneira paciente a evolução do Hezbollah, armado e financiado pelo Irã, que virou uma força política imprescindível, com representação no Parlamento e no governo.
Ao mesmo tempo, desenvolveu o arsenal do movimento que, segundo ele afirmava, tem 100 mil combatentes e dispõe de armas potentes, incluindo mísseis de alta precisão.
O Hezbollah é o único grupo que manteve suas armas ao final da guerra do Líbano (1975-1990) em nome da "resistência contra Israel", cujo Exército se retirou gradualmente do país até abandonar a região sul em maio de 2000, após 22 anos de ocupação.
Ao longo dos confrontos entre seus homens e o Exército israelense, Nasrallah consolidou a posição como líder e ganhou o respeito em 1997, após a morte em combate de seu filho mais velho, Hadi.
A guerra de 2006 com Israel, que durou 33 dias, permitiu que exibisse a força do seu movimento, com os seus combatentes enfrentando o Exército israelense.
A guerra provocou a morte de 1.200 libaneses, a maioria civis, e de 160 israelenses, a maioria militares.
Ao final da guerra, Nasrallah proclamou uma "vitória divina" e virou um herói no mundo árabe.
Mas no Líbano ele foi criticado por vários setores quando o movimento foi acusado de envolvimento no assassinato do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri em 2005, e depois quando homens armados do Hezbollah assumiram brevemente o controle da capital em maio de 2008.
Nasrallah conseguiu aumentar sua influência não apenas no Líbano, mas em toda a região.
- Família modesta -
Em 2013, ele anunciou que determinou uma intervenção militar na Síria para apoiar o regime de Bashar al-Assad, encurralado na guerra civil que explodiu após a repressão de uma revolta popular em 2011 que resultou em uma insurreição armada.
Por desfrutar da total confiança dos líderes iranianos, ele formou e apoiou movimentos próximos a Teerã na região.
O Hezbollah é atualmente a "joia da coroa" dos aliados do Irã na região, reunidos em um "eixo da resistência", que inclui grupos armados no Iraque, os rebeldes huthis do Iêmen e o Hamas palestino.
Hassan Nasrallah nasceu em 31 de agosto de 1960 em uma família modesta de nove filhos, no antigo "cinturão de miséria" que cercava Beirute.
Sua família é originária da cidade de Bazouriyeh, no sul do Líbano.
Ainda adolescente, ele estudou Teologia na cidade sagrada xiita de Najaf, no Iraque, mas teve que deixar o país durante a onda de repressão anti-xiita do então presidente iraquiano Saddam Hussein.
No retorno ao Líbano, ele se uniu ao movimento xiita Amal, mas deixou o grupo durante a invasão israelense do Líbano de 1982 para integrar o núcleo fundador do Hezbollah, criado com o incentivo da Guarda Revolucionária iraniana.
Casado e pai de cinco filhos, ele falava farsi de maneira fluente.
Nasrallah usava o turbante preto dos Sayed, os descendentes do profeta Maomé.
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