O exército israelense realizou novos bombardeios contra o Hezbollah no Líbano, que deixaram quase 50 mortos neste domingo (29), dois dias depois de ter assassinado o líder do movimento islamista libanês, Hassan Nasrallah, junto com dezenas de outros membros do grupo em outro ataque.

Em outra frente, Israel disse ter atingido alvos dos rebeldes huthis no oeste do Iêmen, depois que esses insurgentes pró-Irã reivindicaram o lançamento de um míssil contra o aeroporto de Tel Aviv.

Esses bombardeios resultaram em quatro mortes, segundo meios de comunicação dos rebeldes iemenitas.

"Nenhum lugar está longe demais" para Israel, advertiu o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, após os bombardeios.

Mantendo a pressão militar contra o Hezbollah, uma formação xiita pró-Irã, o exército israelense indicou que atingiu 120 alvos no Líbano.

Correspondentes da AFP ouviram uma forte explosão e viram colunas de fumaça surgindo dos subúrbios do sul de Beirute, bastião do Hezbollah, onde Nasrallah morreu em um bombardeio israelense que destruiu edifícios inteiros.

O corpo do líder do movimento libanês "foi encontrado no sábado e foi envolto em um sudário", disse uma fonte próxima à organização, acrescentando que ainda não foi marcada a data do funeral.

No sul do Líbano, 24 pessoas morreram em ataques perto de Sidon, e no leste do país, pelo menos 25 faleceram, segundo o Ministério da Saúde libanês. Nas últimas 48 horas, 14 socorristas morreram em ataques israelenses, de acordo com a mesma fonte.

- "Acertamos nossas contas" -

O exército israelense afirmou ter matado na sexta-feira, junto com Nasrallah, mais de 20 membros do Hezbollah de diversos escalões presentes no quartel-general subterrâneo situado sob prédios civis.

O Irã informou que um importante comandante da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, também morreu no ataque de sexta-feira. Sua morte "não ficará sem resposta", advertiram as autoridades iranianas.

O Hezbollah, financiado e armado pelo Irã, foi criado em 1982 durante a guerra civil no Líbano, por iniciativa da Guarda Revolucionária do Irã.

A morte de Nasrallah, que era considerado o homem mais poderoso do Líbano, constitui uma grande vitória de Israel frente a seu arqui-inimigo Irã e seus aliados, mas empurra a região para um terreno desconhecido.

"Acertamos nossas contas com o responsável pelo assassinato de inúmeros israelenses e muitos cidadãos de outros países", celebrou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Nasrallah, de 64 anos, era venerado entre a comunidade xiita no Líbano. Líder do Hezbollah desde 1992, vivia na clandestinidade há anos e raramente aparecia em público.

Seu primo Hashem Safieddine, figura de destaque do poderoso movimento pró-Irã, é considerado seu possível sucessor.

- "Até um milhão de pessoas deslocadas" -

Apesar dos ataques incessantes de Israel, o Hezbollah continua lançando foguetes contra o território israelense.

Neste domingo, o exército reportou que cerca de oito projéteis disparados do Líbano caíram em áreas desabitadas do norte de Israel.

Ao ser questionado sobre as consequências para os civis dos bombardeios israelenses em Gaza e no Líbano, o papa Francisco respondeu: "Um país que utiliza a força para agir dessa maneira, seja qual for, que age de maneira tão excessiva, [se presta a] ações imorais".

O Irã pediu, por sua vez, uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU para evitar "uma guerra total" na região.

O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, indicou que cerca de um milhão de pessoas poderiam ter sido deslocadas pelos ataques israelenses no Líbano.

"Pode ser o maior deslocamento populacional da história do Líbano", declarou.

Segundo a ONU, os bombardeios israelenses obrigaram 50.000 pessoas a fugir do Líbano para a Síria, e mais de 200.000 estão deslocadas dentro do país.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) anunciou neste domingo uma operação de emergência para ajudar um milhão de pessoas afetadas pela violência no Líbano.

- "Derrota total?" -

"Se, neste momento, o Hezbollah não responde com seu arsenal de mísseis de precisão de longo alcance, se deduzirá que simplesmente não tem a capacidade", estimou Heiko Wimmen, especialista do International Crisis Group.

"Ou assistimos a uma reação sem precedentes do Hezbollah [...] ou a sua derrota total", acrescentou.

O Hezbollah abriu um frente contra Israel em apoio a seu aliado Hamas na guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do movimento palestino em solo israelense em 7 de outubro de 2023.

Após um ano de confrontos transfronteiriços, o exército lançou há quase uma semana uma campanha de bombardeios maciços contra o Hezbollah no Líbano.

Israel afirma que busca restabelecer a segurança no norte do país, alvo dos disparos do Hezbollah, e permitir o retorno de dezenas de milhares de habitantes que fugiram de suas casas.

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