A estilista Stella McCartney reinterpretou nesta segunda-feira (30) os casacos femininos, em um desfile ao ar livre em Paris que se tornou um manifesto contra a extinção dos pássaros.

"It's about fucking time" foi o lema da estilista britânica, cada vez mais combativa em seu discurso contra o uso de peles animais, o desperdício na indústria da moda e, desta vez, contra o uso de penas de aves.

"Vejo as coisas de um ponto de vista diferente. Então abordei [a coleção] da perspectiva dos pássaros. Tentei trazer a leveza, a feminilidade do seu voo", declarou à imprensa após o desfile, realizado em uma avenida parisiense que costuma ser local de uma feira. 

Para levantar voo, a mulher pode se vestir com uma nuvem que lembra um marshmallow, ou com um vestido de noite em lamê que esconde os braços. 

Como destaque, a filha do "beatle" Paul McCartney apresenta paletós amplos para a primavera/verão, com ombreiras grandes, sobre calças com pernas retas ou saias na altura dos joelhos. As executivas mais ousadas podem combiná-los com os "hoodies" (suéteres com capuz). 

Já o blazer branco do tipo smoking pode simplesmente esconder um body de seda e decote generoso. Algumas modelos o vestiam sob sutiãs de metal, com pombas douradas esculpidas, ao estilo Matisse. Fivelas enormes mantêm as amplas calças no lugar. 

Para a noite, vestidos pretos ou brancos longos e transparentes têm caudas longas. Meias de renda complementam a produção. 

O lema combativo é a maneira de Stella McCartney exigir uma mudança que a indústria da moda está relutante em empreender. 

"It's about fucking time", lembra a estilista, já estava estampado em uma camiseta que usou há 25 anos, quando acompanhou o pai em sua estreia no Rock and Roll Hall of Fame. 

"Somos uma maison muito estranha, de certa forma, porque, obviamente, a sustentabilidade e qualidade estão no centro de tudo o que fazemos", acrescentou.

- Deusas de Gabriela Hearst -

A estilista uruguaia Gabriela Hearst mostrou em seu desfile que superou muito bem sua saída da marca Chloé no ano passado, onde permaneceu por três anos. 

Com o estilo "boho chique", Hearst quis homenagear as "deusas femininas" em seu desfile, realizado no imponente hotel do falecido Karl Lagerfeld, no coração de Paris. 

A coleção começou com Niamh, deusa do mar, com um vestido de georgete de seda transparente. Nos pés, as modelos calçavam tanto botas de caubói quanto tênis de boxe, mesmo com elegantes vestido com caudas. 

Sua coleção mistura os sexos. Para os homens, o destaque foi um terno dourado confeccionado em cobre e seda, uma homenagem à deusa Fides.

Para suas criações em lã, campestres, mas de luxo, Gabriela misturou caxemira e merino, propondo vestidos de macramê e blusas mais leves, com seda, graças à colaboração de artesãos no Uruguai.

- Balenciaga, do menos ao mais -

A Balenciaga apresentou uma coleção heterogênea, que foi do menos ao mais. Começou com lingeries em tons neutros e depois foi cobrindo os modelos, com casacos usados sem nada por baixo.

O criador georgiano Demna disse que “voltou às fontes", quando desenhava “em um canto da cozinha" de sua avó.

A coleção foi se tornando mais complexa, com uma homenagem final à linha de alta-costura do fundador espanhol da marca. 

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