O processo de um policial acusado do assassinato de um jovem negro há dois anos em Londres, um incidente que provocou várias manifestações na época, começou, nesta quarta-feira (2), na capital britânica.
Em um caso que reavivou o debate sobre o racismo no seio da polícia, Chris Kaba, de 24 anos, foi atingido por uma bala que atravessou o vidro dianteiro do carro que dirigia, em 5 de setembro de 2022, em uma rua residencial do sul de Londres.
Kaba era seguido por um carro da polícia e outro veículo das forças de segurança lhe bloqueou a passagem. O jovem morreu em um hospital poucas horas depois.
A polícia afirma que a placa do veículo que dirigia, um carro que não pertencia a ele, foi detectada por uma câmera que indicava que estava relacionado a um incidente com armas de fogo ocorrido dias antes.
Centenas de pessoas protestaram dias depois do incidente em frente à sede da polícia londrina, denunciando que o jovem não teria levado um tiro se não fosse negro.
A decisão de atirar "não estava razoavelmente justificada nem era justificável", afirmou, nesta quarta-feira (2), o promotor Tom Little, no primeiro dia de julgamento no tribunal penal de Old Bailey, em Londres.
O policial acusado, Martyn Blake, de 40 anos, negou a acusação de assassinato.
A possibilidade de que Chris Kaba estivesse fugindo "não era nada óbvia", insistiu o promotor.
O anúncio no ano passado da acusação contra o agente despertou irritação dentro da polícia.
Como consequência disso, dezenas de policiais armados de Londres renunciaram a usar pistola.
A maioria dos 34.000 policiais de Londres estão desarmados e é muito raro que um agente seja processado por assassinato no Reino Unido.
Várias acusações de agressão sexual e de racismo por parte das forças da ordem nos últimos anos mancharam a confiança dos britânicos na polícia.
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