O Brasil vai às urnas neste domingo (6) para renovar os prefeitos e vereadores durante os próximos quatro anos, após uma campanha violenta que registrou agressões físicas e à sombra do crime organizado.

Os brasileiros elegerão os governos de mais de 5.500 cidades, dois anos depois das eleições presidenciais mais polarizadas entre Luiz Inácio Lula da Silva e seu antecessor, Jair Bolsonaro.

De acordo com as pesquisas, Rio de Janeiro e outras 10 das 26 capitais estaduais podem definir seus novos prefeitos no primeiro turno. Quando nenhum candidato obtiver mais da metade dos votos, o pleito irá para o segundo turno, no dia 27 de outubro.

A campanha ocorreu sem a rede social mais politizada, o X, suspenso no Brasil no dia 31 de agosto sob acusações de desinformação.

As eleições ocorrem no momento em que o país sofre incêndios recordes, alimentados por uma seca ligada à mudança climática, segundo especialistas. Contudo, a questão da emergência ambiental esteve quase ausente dos debates.

- Lula versus Bolsonaro -

Vistas como um ensaio para as presidenciais de 2026, as eleições municipais oferecerão um panorama das principais forças do país.

No entanto, ambos os líderes "optaram por uma postura discreta" e "aguardado embate entre lulismo e bolsonarismo não se materializou" na campanha, segundo o analista político André César. 

Lula concentrou seu apoio no deputado Guilherme Boulos, candidato a prefeito de São Paulo, a maior cidade da América Latina, com 12 milhões de habitantes.

Embora a disputa ilustre a polarização no Brasil, o surgimento do outsider Pablo Marçal mudou o panorama. Segundo as pesquisas, há um empate técnico entre os três. 

No Rio de Janeiro, o prefeito centrista Eduardo Paes é o favorito para um quarto mandato, seguido de longe pelo deputado Alexandre Ramagem, chefe da inteligência brasileira durante o mandato de Bolsonaro e que está sendo investigado por suposta espionagem ilegal de políticos e outras figuras durante este período.

- Marçal, o outsider -

Em São Paulo, o influenciador Pablo Marçal ascendeu na disputa pela prefeitura após acusações de disseminar desinformação.

O ex-coach de 37 anos focou sua campanha em acusações provocativas e zombarias aos rivais que lhe renderam expulsões dos debates. Durante um deles, foi atingido por uma cadeira em um episódio de fúria de um adversário.

Marçal ganhou popularidade ao atrair votos do bolsonarismo, de setores evangélicos e de jovens com discurso agressivo, que apela à "liberdade". 

Alarmados com sua ascensão, artistas, intelectuais, empresários e juristas lançaram um manifesto pelo "voto útil" em Boulos para evitar um "trágico" segundo turno em São Paulo.

- À sombra do crime organizado -

A suposta presença do crime organizado no processo eleitoral soou os alarmes das autoridades.

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a ministra Cármen Lúcia, considerou que a tentativa de organizações criminosas de influenciar as eleições municipais é "bastante grave" e "não pode ser subestimada". 

Foram lançadas algumas iniciativas, como ações da polícia e do Ministério Público para evitar possíveis infiltrações de aspirantes ligados a associações criminosas.

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