Os brasileiros votam neste domingo (6) para eleger prefeitos e vereadores, de olho em São Paulo, onde o influenciador Pablo Marçal (PRTB), acusado de praticar desinformação, se mantém como um sério candidato à Prefeitura.
Considerada a antessala das eleições presidenciais de 2026, a votação medirá as forças da esquerda e da direita no país, personificadas, respectivamente, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
Estão aptos a votar 156 milhões de eleitores, em um momento em que o país vive um recorde de incêndios florestais e uma seca histórica, vinculada por especialistas às mudanças climáticas. No entanto, o tema do meio ambiente esteve ausente dos debates.
Em São Paulo, o duelo aguardado entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB), aliado de Bolsonaro, e Guilherme Boulos (PSOL), apoiado por Lula, virou uma disputa a três com a chegada do 'outsider' Pablo Marçal.
Os trio está tecnicamente empatado nas intenções de voto para o primeiro turno: 29% para Boulos e 26% para Nunes e Marçal, segundo pesquisa do Instituto Datafolha deste sábado (5).
- Cocaína e laudo médico -
Marçal, um influenciador ultraconservador popular e ex-coach de desenvolvimento pessoal, tem dominado a campanha com um estilo provocativo que seduziu muitos bolsonaristas.
Em setembro, durante um debate na TV Cultura, Marçal, de 37 anos, levou uma cadeirada de José Luiz Datena (PSDB), de 67.
O candidato já tinha sido acusado de praticar desinformação e no episódio mais recente, neste sábado, a justiça eleitoral determinou a suspensão por 48 horas de seu perfil no Instagram, após ele ter publicado um suposto laudo médico que indicava que Boulos tinha usado cocaína.
Há indícios de que o documento postado em sua conta, com 5,6 milhões de seguidores, é falso, segundo o juiz que determinou a suspensão.
A polícia incluiu este fato em uma investigação já aberta contra o candidato.
Paralelamente, o Supremo Tribunal Federal (STF) exigiu, neste sábado, que ele dê explicações no prazo de 24 horas por ter usado o X, apesar de a rede estar suspensa desde 30 de agosto no Brasil, acusada de propagar desinformação.
"Sou o principal ator digital do país", vangloria-se Marçal, que tacha as ações da justiça como uma "perseguição" que "acelera o processo" para a vitória.
- Lula e Bolsonaro na campanha -
Neste sábado, Lula apoiou Boulos durante um comício na Avenida Paulista.
O psolista, que há quatro anos perdeu no segundo turno a disputa pela Prefeitura de São Paulo, "é uma aposta pessoal de Lula. Se for eleito prefeito da maior cidade do país, será uma grande vitória para o presidente", disse à AFP Mayra Goulart, cientista política da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Bolsonaro, por sua vez, participou de um ato em um bairro popular da zona norte do Rio de Janeiro ao lado de Alexandre Ramagem (PL) para tentar evitar que o prefeito Eduardo Paes (PSD) seja reeleito no primeiro turno.
Ramagem é investigado por suposta espionagem ilegal de políticos e outras personalidades quando chefiou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Bolsonaro (2019-2022).
- A sombra do crime -
Segundo pesquisas de opinião, 11 das 26 capitais poderão definir seu prefeito já neste domingo.
Se nenhum candidato tiver mais da metade dos votos, a disputa será decidida no segundo turno, em 27 de outubro.
"Essas eleições municipais são muito importantes para a definição de 2026, porque se percebe a relevância dos atores locais (...) que estão em contato direto com os eleitores e podem aproximar esse eleitor de um candidato a presidente, que não tem trânsito naquele município", afirma Goulart.
No entanto, há incertezas: Lula deixa pairar a dúvida se tentará a reeleição, enquanto Bolsonaro foi declarado inelegível até 2030 por atacar sem provas o sistema eleitoral, embora o ex-presidente confie em conseguir uma anulação de sua condenação.
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