O Ministério Público da Guatemala realizou diligências nesta segunda-feira (7) em cinco sedes regionais da ONG Save the Children por supostos abusos de menores, quase seis meses depois de buscas em seu escritório na capital, informou a entidade.

As buscas foram dirigidas pelo questionado promotor Rafael Curruchiche, que assinalou que a investigação foi iniciada por uma denúncia e que pediu "apoio" à Procuradoria do Texas (Estados Unidos).

Foram realizadas "cinco diligências de busca e apreensão em diferentes pontos do país no seguimento da investigação de caráter transnacional de grande transcendência relacionada a possíveis violações e abusos à infância guatemalteca", disse o procurador em um vídeo na rede social X.

Curruchiche acrescentou que houve buscas nas "sedes de uma das organizações não governamentais que foram mencionadas na denúncia".

Embora o procurador não tenha mencionado o nome da ONG, o porta-voz do MP, Moisés Ortiz, confirmou à AFP que as sedes revistadas eram da Save the Children, em seguimento à operação de 25 de abril, quando houve buscas na sede principal da organização na Cidade da Guatemala.

Por ora, a Save the Children não se pronunciou sobre as buscas em suas sedes regionais.

As diligências foram realizadas nos povoados de San José La Arada e Jutiapa no leste do país. Também nos municípios indígenas de Santa Cruz del Quiché, Nebaj e Cunén, no oeste.

As diligências de abril ocorreram 12 dias depois de circular na imprensa local que o MP da Guatemala havia pedido a seu equivalente do Texas relatórios sobre um suposto tráfico de crianças guatemaltecas na fronteira sul dos Estados Unidos, que envolveria ONGs como a Save the Children.

"Protegemos a infância de qualquer abuso de seus direitos. Não facilitamos - e nunca o fizemos - o traslado de crianças e adolescentes para fora da Guatemala", assegurou naquela oportunidade a ONG, cuja sede central fica no Reino Unido, em comunicado.

A Save the Children começou a trabalhar na Guatemala em 1976 após um terremoto que devastou o país e se estabeleceu formalmente em 1983. Atualmente, tem projetos de educação, saúde, nutrição e assistência a famílias de migrantes, entre outros.

Curruchiche e sua chefe, a procuradora-geral Consuelo Porras, foram sancionados por Estados Unidos e União Europeia, por considerá-los "corruptos" e "antidemocráticos".

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