O Parlamento venezuelano, de maioria chavista, aprovou, nesta terça-feira (8), um acordo para "instar" o presidente Nicolás Maduro a romper relações com a Espanha em resposta aos questionamentos de congressistas espanhóis sobre sua reeleição, considerada um fraude pela oposição.
O acordo solicita "ao Executivo nacional que avalie, em tempo peremptório, a ruptura das relações diplomáticas, comerciais e consulares com o Reino da Espanha".
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, pediu aos deputados que aprovassem "com a sinalização de costume" (mão levantada) e de "forma entusiástica" o acordo, que foi respaldado com gritos de "aprovado" pela Câmara.
O acordo centrou-se na rejeição à resolução assinada por deputados espanhóis que pediram ao governo de Pedro Sánchez, de esquerda, que reconhecesse o opositor Edmundo González Urrutia como vencedor das eleições de 28 de julho.
A Assembleia rejeitou "categoricamente a nefasta resolução aprovada pela direita fascista do Congresso de deputados da Espanha", e exigiu respeito à reeleição de Maduro.
"A paciência tem um limite e fomos pacientes", disse Rodríguez, que já havia levantado essa proposta em 11 de setembro, dia em que a resolução foi aprovada pelo Congresso espanhol.
Sánchez até agora pediu, em consonância com a posição da União Europeia, que sejam divulgadas as atas eleitorais das eleições, mas sem reconhecer González Urrutia, exilado na Espanha desde 8 de setembro, após uma ordem de prisão contra ele.
A oposição venezuelana, liderada por María Corina Machado, reivindica a vitória do ex-diplomata de 75 anos com base em 80% das atas que digitalizou e publicou em um site.
A vitória de Maduro para um terceiro mandato consecutivo foi validada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que é alinhado ao governo e não publicou a apuração detalhada, sob argumento de que foi alvo de um hackeamento.
Uma decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), acusado de favorecer o chavismo, ratificou o triunfo do mandatário de esquerda.
A reeleição de Maduro desencadeou protestos que resultaram em 27 mortos, 192 feridos e mais de 2.400 detidos.
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