Dezenas de transportadores e pequenos comerciantes realizaram, nesta quinta-feira (10), uma marcha de protesto em Lima, a segunda em menos de duas semanas contra as extorsões e os assassinatos cometidos pelo crime organizado.

A novidade no protesto foi a participação, com panelas e colheres, de pelo menos mil comerciantes de mercados dos populares distritos de Puente Piedra e Carabayllo, que também exigem do governo medidas para combater a criminalidade.

Desde cedo, centenas de veículos de transporte público deixaram de circular em diversas áreas da capital peruana, de 10 milhões de habitantes.

Autoridades mobilizaram 38 ônibus das Forças Armadas para garantir a mobilidade nas áreas afetadas, informou o Ministério da Defesa.

O protesto busca pressionar o Congresso e a presidente Dina Boluarte para que implementem novas medidas contra os criminosos que praticam extorsão.

Após uma primeira manifestação e paralisação do transporte em Lima, no dia 26 de setembro, o governo decretou estado de emergência em 14 dos 43 distritos da capital, uma medida que contou com o apoio dos militares no controle da segurança.

"Vivemos uma experiência (de extorsão) assim e é horrível. Mataram dois colegas que não tinham nada a ver, por (se recusarem a pagar) cinco soles morreram", disse à AFP Johan Huamán, do sindicato de mototáxis de um mercado no distrito de San Martín.

Escolas e universidades optaram por aulas virtuais, enquanto centenas de policiais e militares saíram às ruas.

Em Lima e Callao, há 470 empresas de transporte. As gangues exigem o pagamento de até 50.000 novos sóis (R$ 74 mil) mensais por empresa. Quando elas se recusam, seus veículos são atacados a tiros, inclusive com passageiros dentro.

Quatorze ataques foram registrados e três motoristas foram assassinados somente neste ano.

Segundo a polícia, entre janeiro e setembro, foram registradas no Peru 14.220 denúncias de extorsão. Lima lidera a lista, com 5.708.

A pena por extorsão varia de 10 a 15 anos, e, se houver agravantes, como se for cometida contra um funcionário público ou se envolver criminalidade organizada e uso de armas de fogo, a pena pode chegar a 25 anos de prisão, segundo o Poder Judiciário.

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