Móveis e utensílios domésticos foram retirados das casas e deixados nas ruas de Venice, na Flórida  -  (crédito: Sean Rayford/AFP)

Móveis e utensílios domésticos foram retirados das casas e deixados nas ruas de Venice, na Flórida

crédito: Sean Rayford/AFP

Descrito como um dos furacões mais potentes das últimas décadas e temido devido a seu alto potencial de destruição, o Milton passou pela Flórida por cerca de 12 horas nas quais causou diversos estragos. O olho do furacão saiu pela Costa Leste do estado, segundo boletim divulgado ontem pelo Centro Nacional de Furacões (NHC – na sigla em inglês), e os ventos seguiam rumo às Bahamas. Alertas foram retirados de algumas regiões.

O governo de Joe Biden, por meio do secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, afirmou que ao menos 10 pessoas morreram após a passagem do furacão pela Flórida. Pelo menos quatro óbitos ocorreram em uma comunidade de aposentados, de acordo com o xerife do condado de St. Lucie, Keith Pearson. O governador do estado, o republicano Ron DeSantis, afirmou, porém, que o número de vítimas no local pode ser maior, já que a casa de repouso foi destruída e há muitos escombros.

O Milton tocou o solo na noite de quarta-feira (9) como categoria 3 – a escala vai de 1 a 5. Depois, caiu para a categoria 1 durante a madrugada. O enfraquecimento era esperado e não mudou o prognóstico de risco dos especialistas. Cidades têm sofrido com enchentes, e ao menos 3,4 milhões de moradores estão sem luz.

O fenômeno chegou à costa por volta das 20h40 no horário local (21h40 de Brasília), quando tinha ventos de até 195km/h, na pequena Siesta Key, a cerca de 180 quilômetros a sudoeste da turística Orlando. O ponto de toque no solo foi mais ao sul do que o inicialmente previsto e mais distante do centro urbano de Tampa, cuja região abriga 3,3 milhões de pessoas.

Considerado "extremamente perigoso", o Milton já tinha provocado danos antes de chegar à terra firme. Ao longo da quarta, a Flórida foi atingida por ao menos 19 tornados, fenômenos que ocorreram devido à mudança do clima e da aproximação do furacão, segundo especialistas.

Na madrugada, os ventos destruíram o telhado do Tropicana Field, o estádio do time de beisebol Tampa Bay Rays. O local foi adaptado para socorristas atenderem a potenciais vítimas, com camas de emergência espalhadas pelo gramado.

A previsão é de que o Milton leve à região de 127 a 250 milímetros de chuva, o que pode superar a média para todo o mês no local. Segundo o NHC, o nível da água em alguns locais pode ultrapassar os quatro metros.

Ao menos nove aeroportos da Flórida, um dos destinos de viagem mais populares do mundo, fecharam. Parques de diversões, uma das principais atrações do estado, também anunciaram a suspensão de suas atividades, incluindo o mais famoso deles, o Walt Disney World.

Na região de Orlando, moradores relatavam vento e chuva. O brasileiro Carlson Lisboa, que administra 150 casas de aluguel, estava em alerta. "Coloquei todas as mobílias externas para dentro das casas para evitar que elas voassem e machucassem alguém. Fiz uma carta com orientações aos hóspedes e estou mantendo contato com eles. Por enquanto, está tudo bem por aqui."

O governador DeSantis afirmou ontem que as previsões mais catastróficas não se concretizaram. "A tempestade foi significativa, mas, felizmente, este não foi o pior cenário", disse. Ele também conversou com Biden sobre a emergência. Em nota, a Casa Branca disse que o governador agradeceu pela assistência federal, e o presidente prometeu enviar qualquer apoio adicional de que a Flórida precisar para se recuperar.

Biden foi questionado por um jornalista a respeito de uma possível conversa com Donald Trump para pedir que o ex-presidente parasse de espalhar desinformação acerca do furacão. "Está brincando?", retrucou Biden antes de olhar para a câmera e acrescentar: "Senhor presidente Trump, ex-presidente Trump... arrume o que fazer, ajude essas pessoas". (Folhapress)