A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) retomou o atendimentoaos migrantes que atravessam a inóspita floresta do Estreito de Darién, no Panamá, rumo aos Estados Unidos, meses depois de ser expulsa após denunciar um aumento da violência sexual contra os viajantes.
"A Médicos Sem Fronteiras retomou suas atividades na Estação de Recepção Migratória de Lajas Blancas, na saída da floresta de Darién", informou a organização em comunicado nesta sexta-feira (11).
O albergue de Lajas Blancas é um centro instalado pelo governo panamenho, junto com organizações internacionais, para atender os migrantes que entram no Panamá através da floresta de Darién, na fronteira com a Colômbia.
Essa floresta se transformou em um corredor para os migrantes que, partindo da América do Sul, tentam chegar aos Estados Unidos, e nela enfrentam perigos como animais selvagens, rios caudalosos e grupos de criminosos.
A volta da MSF se dá "depois que as autoridades panamenhas aprovaram uma intervenção médica de três meses", acrescentou a organização.
Na quinta-feira, o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, havia deixado as portas abertas para o retorno desta ONG.
"É uma organização internacional que acredito que presta um serviço humanitário muito bom", assinalou Mulino.
A MSF teve que suspender suas atividades no Panamá durante o governo anterior de Laurentino Cortizo, após denunciar em 29 de fevereiro um "aumento dos ataques brutais e da violência sexual na floresta".
A ONG explicou então que, em apenas uma semana de fevereiro, seus médicos haviam atendido 113 migrantes por agressões sexuais por parte de grupos criminosos, enquanto em todo o mês de janeiro foram registrados 120 casos.
Depois dessas declarações, o governo de Cortizo retirou a permissão da ONG para operar no Panamá, acusando-a de "entorpecer a função das diferentes instituições no Panamá".
Segundo o governo anterior, a MSF não entregava às autoridades panamenhas os dados das pessoas que denunciavam ter sofrido abusos sexuais.
Em 2023, mais de 500 mil pessoas passaram pela floresta panamenha. Já neste ano, 260 mil pessoas passaram por Darién até agora, a maioria venezuelanos.
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