A China e a Rússia se "aproveitam" dos cortes orçamentários que obrigaram a BBC a reduzir seu serviço internacional para promover uma "propaganda incontestável", denunciou seu diretor-geral, Tim Davie, nesta segunda-feira (14).

"Agora podemos constatar que, quando o Serviço Mundial se retira, operadores de mídia financiados por Estados aproveitam para ocupar o espaço", acrescentou, referindo-se especialmente à rede russa RT, disponível em inglês, árabe e espanhol, e à chinesa CGTN.

O World Service, serviço internacional da BBC, produz transmissões em mais de 40 idiomas e chega a 365 milhões de pessoas semanalmente em todo o mundo.

Durante anos, foi financiado por subsídios do Ministério das Relações Exteriores do governo britânico. Mas desde 2014, é custeado principalmente com a licença de televisão paga pelos lares britânicos.

Em 2022, o grupo anunciou o fechamento de seus serviços de rádio em árabe e persa, além de centenas de demissões.

O orçamento do Serviço Mundial da BBC é de quase 400 milhões de libras (R$ 2,9 bilhões na cotação atual), e a Rússia e a China gastam cerca de 6 bilhões e 8 bilhões de dólares (R$ 33,5 bilhões e R$ 50,2 bilhões) para "desenvolver suas atividades midiáticas globais" na África, no Oriente Médio e na América Latina, indicou Davie em um fórum em Londres.

"Na África, em particular, a mídia russa é incrivelmente ativa na promoção de suas narrativas", afirmou, acrescentando que "esse investimento" traz "benefícios importantes" para a Rússia.

"A informação livre e justa nunca foi tão essencial" para as democracias e "o contínuo declínio do Serviço Mundial da BBC deve gerar uma grande preocupação em nível mundial", declarou.

O Serviço Mundial concordou em não fechar nenhum serviço linguístico em seu atual plano de cortes, mas essa condição deve ser revista no próximo ano.

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