O Parlamento da Venezuela, controlado pelo chavismo governante, pediu, nesta quinta-feira (17), ao Ministério Público a abertura de uma investigação criminal contra um dirigente eleitoral que denunciou "irregularidades" na reeleição do presidente Nicolás Maduro.
O Legislativo aprovou a destituição como membro da diretoria do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de Juan Carlos Delpino, que fugiu do país depois das eleições presidenciais de 28 de julho, e solicitou ao MP que "inicie de imediato" uma "averiguação penal" contra ele.
"Delpino faz parte de uma conspiração", disse Jorge Rodríguez, presidente do Congresso.
O CNE proclamou Maduro reeleito para um terceiro mandato de seis anos (2025-2031), mas ainda não apresentou a apuração detalhada dos votos, como exige a lei.
A oposição denuncia que houve fraude e publicou em um site cópias das atas de votação com as quais reivindicam o triunfo do candidato opositor Edmundo González Urrutia, que se exilou na Espanha após a emissão de um mandado de prisão contra ele. Protestos pós-eleitorais deixaram 27 mortos no país sul-americano, dois deles militares, e mais de 2.400 detidos.
Delpino "tem responsabilidade no assassinato de 27 venezuelanos e tem que pagar", afirmou Rodríguez, que acusou o ex-dirigente eleitoral de crimes como traição à pátria e associação criminosa.
"A única associação criminosa que se pode apontar, sem medo de errar, é a que desgoverna o país, que tem como atores aqueles que não gozavam de apoio popular", reagiu Delpino nesta quinta no X.
O Legislativo também pediu o confisco de bens de Delpino, a quem Rodríguez relacionou com Rafael Rodríguez, ex-ministro do Petróleo próximo do finado presidente Hugo Chávez (1999-2013), que rompeu com Maduro e foi acusado de corrupção.
No dia 26 de agosto, em um comunicado que publicou nas redes sociais a partir do exterior, Delpino questionou os resultados anunciados pelo CNE.
"Tudo o que aconteceu antes, durante e depois da eleição presidencial indica a gravidade da falta de transparência e veracidade dos resultados", escreveu o ex-dirigente eleitoral, que, no entanto, afirmou que não esteve presente na sala de totalização dos votos durante a jornada eleitoral.
"A única verdade que ele disse [...]: 'Eu não estava lá. Posso descrever como era a parte de baixo do colchão da cama onde eu estava escondido'", ironizou Rodríguez.
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