A Turquia confirmou nesta segunda-feira (21) a morte do pregador muçulamo Fethullah Gülen, arqui-inimigo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciada horas antes por pessoas próximas a ele nos Estados Unidos, onde morava há 25 anos.
"O chefe dessa organização obscura morreu, mas a determinação de nossa nação na luta contra o terrorismo persistirá", anunciou o ministro turco das Relações Exteriores, Hakan Fidan.
O ministro "convidou" os partidários do imã, a quem Ancara acusa de ter planejado um golpe de Estado frustrado em julho de 2016, a "abandonar o caminho da traição e do erro que tomaram" e a parar de "agir contra seu Estado e sua nação".
A conta na rede social X do jornal Herkul, próximo ao movimento e proibido na Turquia, foi a primeira a anunciar a morte de Gülen, de 83 anos, "em 20 de outubro".
"O reverendo Fethullah Gülen, que passou cada instante de sua vida servindo à religião abençoada do islã e à humanidade, partiu hoje [20 de outubro] para os horizontes de sua alma", publicou o Herkul, indicando que em breve "será publicada informação detalhada sobre o procedimento do enterro".
A imprensa oficial turca também noticiou o falecimento.
Gülen, inspirador do movimento homônimo, também chamado "Hizmet" ("Serviço", em turco), estava à frente de uma rede de escolas espalhadas pelo mundo. Desde 1999, ele morava na Pensilvânia, Estados Unidos, para onde se mudou por vontade própria.
O pregador, a quem o governo acusava de liderar um grupo "terrorista", afirmava que era uma simples rede de organizações de caridade e empresas.
Outrora um aliado de Erdogan, ele foi acusado de terrorismo desde que um escândalo de corrupção, orquestrado por magistrados próximos ao movimento gulenista, atingiu colaboradores próximos do então primeiro-ministro no final de 2013.
Até o momento, não se sabe se Erdogan vai autorizar que o corpo seja repatriado para a Turquia.
Ancara retirou sua nacionalidade turca em 2017.
Erdogan acusou o pregador pela tentativa de golpe de Estado de 15 de julho de 2016, que resultou em centenas de milhares de detenções entre seus seguidores na Turquia.
Segundo Bayram Balci, pesquisador do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences-Po), a morte de Gülen passará despercebida na Turquia, onde seu movimento estava muito enfraquecido.
"Desde a ruptura com Erdogan e, sobretudo, após a tentativa golpista em 2016, a imagem de Gülen é muito ruim. Poucas pessoas o têm em alta estima", afirma.
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