Os Estados Unidos comemoram, a Europa nem tanto: as últimas previsões do FMI publicadas nesta terça-feira (22) mostram que a saúde da economia americana contrasta com a apatia da zona do euro, devido a crises recentes e a outros fatores mais profundos.

Há dois anos, os caminhos são claramente divergentes para as duas economias.

Os Estados Unidos registraram em 2023 um crescimento de 2,9% contra apenas 0,4% na zona do euro, enquanto em 2024 o FMI espera 2,8% de expansão do PIB americano contra apenas 0,8% nos países europeus.

Para o próximo, as perspectivas não são diferentes: 2,2% para os Estados Unidos e 1,2% para o bloco europeu. O "World Economic Outlook", relatório de previsões da organização financeira, aumenta o índice da maior economia do mundo em 0,3 ponto percentual em relação a julho e reduz o da Europa na mesma proporção.

"A Europa sofreu dois impactos enquanto os Estados Unidos sofreram apenas um", disse à AFP Gregory Daco, economista-chefe da EY. 

Depois da pandemia do coronavírus que provocou recessões históricas no mundo, e da recuperação econômica que a sucedeu, a invasão russa da Ucrânia pesou muito sobre a zona do euro, com um novo ciclo inflacionário sobre a energia. Suas redes de abastecimento foram igualmente afetadas. 

Os Estados Unidos sofreram menos porque eram mais independentes em questões energéticas e pela distância geográfica do conflito.

- O impacto alemão -

O motor da zona do euro, a Alemanha, sofreu intensamente o impacto da guerra sobre sua economia e entrou em recessão no ano passado. 

Seu PIB ficará estagnado este ano e terá um avanço modesto de 0,8% no próximo ano, segundo as previsões do Fundo publicadas nesta terça-feira e revisadas bem abaixo em relação às de julho (0,2 ponto percentual para 2024 e 0,5 para 2025). 

Alemanha e Itália sofrem de "enfraquecimento persistente na indústria", destacou o FMI em seu relatório. Por outro lado, países como Espanha, que crescerá 2,9% este ano e 2,1% no próximo graças à boa saúde do turismo, não compensam a média do continente. 

A França terá um crescimento modesto de 1,1% em 2024 e será semelhante em 2025, segundo o FMI. 

Além dos fatores conjunturais, a economia americana se beneficia de fatores estruturais mais favoráveis: "Considerando o crescimento da sua população, a taxa de investimento e a sua produtividade, apresenta perspectivas de crescimento duas vezes superiores às europeias", disse Daco. 

Estes pontos fortes são principalmente resultado dos planos de apoio às famílias e empresas durante a pandemia, que mantiveram o consumo a um nível elevado, e do estímulo à economia através de programas de investimento público, como o "CHIPS Act", lei para promover o setor de semicondutores ou a "Lei de Redução da Inflação" que subsidia setores de economia limpa. 

A Europa, por outro lado, ainda não embarcou em projetos desta magnitude.

alb/els/mr/mar/jc/aa