Honduras entregou aos Estados Unidos, nesta quarta-feira (23), um suposto traficante de fentanil, quase dois meses depois de suspender o tratado de extradição entre os dois países, informou a polícia.
O avião da agência antidrogas americana, conhecida pela sigla DEA, levando a bordo Javier Marín Gonzales, decolou do aeroporto de Palmerola, cerca de 50 km ao norte de Tegucigalpa, disse à AFP o porta-voz da polícia, Edgardo Barahona.
Marín Gonzales, de 25 anos, tinha sido capturado em 7 de setembro e a Justiça hondurenha autorizou em 7 de outubro sua extradição, solicitada pela Justiça federal da Califórnia (oeste dos Estados Unidos).
Segundo as investigações, ele é "um dos líderes" encarregados de "direcionar, gerir e distribuir fentanil na baía de San Francisco", na Califórnia, informou o Poder Judiciário em um comunicado.
O fentanil é um opioide sintético produzido legalmente por laboratórios e usado na medicina como analgésico, mas também é empregado como entorpecente.
Nos Estados Unidos, a substância está por trás de uma epidemia de dependência química, com mais de 70.000 óbitos ao ano por overdose, até se tornar a principal causa de morte entre pessoas de 18 a 49 anos, segundo as autoridades americanas.
Em 28 de agosto, a presidente hondurenha, Xiomara Castro, deu por encerrado o tratado de extradição com os Estados Unidos, alegando que poderia servir para preparar um "golpe de Estado" em Honduras, como o que depôs seu marido, o ex-presidente Manuel Zelaya, em 2009.
Com base nesse tratado de 1912, Tegucigalpa extraditou aos Estados Unidos cerca de 50 acusados de narcotráfico desde 2014.
Um deles foi o ex-presidente Juan Orlando Hernández (2014-2022), condenado em junho por um tribunal de Nova York a 45 anos de prisão, acusado de "conspirar" para enviar mais de 400 toneladas de cocaína para os Estados Unidos entre 2004 e 2022.
Marín Gonzales é o segundo suposto traficante hondurenho extraditado aos Estados Unidos após a decisão de suspender o tratado. O primeiro foi Mario José Cálix, entregue em 4 de setembro.
Segundo o tratado, ele segue vigente por seis meses a partir de sua denúncia e, portanto, caducará em 28 de fevereiro.
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