Israel anunciou, nesta quinta-feira (24), que bombardeou depósitos de armas do Hezbollah ao sul de Beirute, capital do Líbano, reduto do poderoso movimento islamista libanês, que respondeu com disparos de foguetes contra o território israelense.
A aviação israelense bombardeou 17 vezes os subúrbios ao sul de Beirute, informou a agência libanesa ANI. Este é o ataque mais intenso na área em um mês.
Os bombardeios destruíram seis edifícios em Dahiyeh, para onde fugiu a maior parte dos habitantes, e coincidem com uma visita do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, à região.
Blinken chegou a Doha nesta quinta-feira com o objetivo de acalmar as tensões no Oriente Médio. Antes de visitar a capital do Catar, o secretário de Estado esteve em Israel e na Arábia Saudita.
Ao lado dos Estados Unidos e do Egito, o Catar é um dos países mediadores da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do movimento islamista palestino no sul do território israelense em 7 de outubro de 2023.
No entanto, as negociações para alcançar uma trégua em Gaza falharam até agora. Apenas um cessar-fogo de uma semana foi alcançado em novembro de 2023, durante o qual o Hamas libertou 105 reféns israelenses sequestrados em 7 de outubro em troca de 240 prisioneiros palestinos em Israel.
Além das guerras travadas em Gaza e no Líbano, a região está em suspense desde que o Irã, que apoia o Hamas e o Hezbollah, lançou quase 200 mísseis no dia 1º de outubro contra Israel, que prometeu responder à agressão.
Na quarta-feira, Blinken instou Israel a evitar "uma nova escalada" com a República Islâmica.
- "A cidade tremeu" -
O Exército israelense disse ter bombardeado à noite "várias instalações de armazenamento e fabricação de armas da organização terrorista Hezbollah na área de Dahiyeh".
As instalações, afirmou, ficavam "debaixo e dentro de edifícios civis no centro das áreas povoadas".
Imagens da AFP mostraram uma grande detonação seguida de outras menores.
O Exército libanês, por sua vez, anunciou nesta quinta-feira que três soldados morreram por disparos israelenses no sul do Líbano enquanto realizavam uma operação de resgate.
Israel intensificou os bombardeios contra as posições do Hezbollah no Líbano em 23 de setembro e uma semana depois iniciou uma ofensiva terrestre no sul do país.
O objetivo declarado destas operações é permitir o retorno de 60.000 habitantes do norte de Israel forçados a se retirar devido ao constante lançamento de foguetes do sul do Líbano durante o último ano.
Segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais, pelo menos 1.552 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro. A ONU já contabiliza quase 800 mil pessoas deslocadas no país.
A agência oficial de notícias libanesa ANI relatou bombardeios no sul do país, especificamente na região de Tiro e Bint Jbeil e outro ataque de drone na rodovia que liga Beirute a Damasco, a capital síria.
Os combates também ocorreram nas cidades fronteiriças de Ramia e Ayta ash Shab. O Hezbollah confirmou confrontos neste último local.
Israel bombardeou a cidade costeira de Tiro no dia anterior, forçando alguns dos seus habitantes a fugir. "A cidade inteira tremeu", disse Rana, uma moradora que preferiu não revelar o sobrenome.
- "Esvaziar" Gaza -
Embora enfraquecido, o Hezbollah continua lançando foguetes contra o norte de Israel. O grupo anunciou nesta quinta-feira que disparou contra uma base militar perto de Haifa e da cidade de Safed.
Na Faixa de Gaza, Israel promove uma nova ofensiva contra o Hamas no norte do território desde 6 de outubro.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, acusou nesta quinta-feira Israel de querer "esvaziar" o território e descreveu a guerra como a "maior catástrofe" desde a Nakba, a saída forçada dos palestinos das suas terras durante a criação do Estado de Israel em 1948.
O conflito começou em 7 de outubro de 2023, quando milicianos do Hamas mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses que inclui os reféns mortos em cativeiro em Gaza.
Dos 251 sequestrados, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, embora 34 deles tenham sido declarados mortos pelo Exército.
A ofensiva israelense em Gaza deixou até agora 42.847 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
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