O Parlamento austríaco elegeu pela primeira vez, nesta quinta-feira (24), um presidente de extrema direita, causando indignação na comunidade judaica, que afirmou que foi nomeado um homem que "homenageia criminosos nazistas".

Walter Rosenkranz, de 62 anos, recebeu 100 votos de 162, anunciou o presidente em fim de mandato do Parlamento, Wolfgang Sobotka, após a votação em Viena.

Essa eleição ocorreu após a vitória histórica do Partido Austríaco da Liberdade (FPÖ) nas eleições legislativas do fim de setembro.

Rosenkranz foi eleito por voto secreto, graças ao apoio de seu partido e dos conservadores do Partido Popular Austríaco (ÖVP).

Em um país onde a extrema direita já não é um tabu, o chanceler cessante, Karl Nehammer, justificou essa votação com base no "costume" e na "tradição", que concede esse cargo ao vencedor das eleições.

No entanto, outros parlamentares votaram contra, seguindo sua "consciência" e por seu "antifascismo inabalável", rejeitando um "eurófobo" de um partido "cada vez mais próximo dos identitários".

Diante daqueles que acreditam que sua eleição "ameaça o futuro dos judeus na Áustria", Walter Rosenkranz denunciou suas "mentiras" e prometeu que "o que foi feito nesta Assembleia para combater o antissemitismo continuará".

Esse advogado criminalista, ex-candidato à presidência, pertence desde 1981 ao grupo de extrema direita Burschenschaft Libertas, que introduziu o parágrafo ariano em 1878, proibindo a integração de judeus.

Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos membros da Burschenschaft participaram da máquina de extermínio nazista, quando a Áustria estava anexada à Alemanha de Adolf Hitler.

O FPÖ recruta seus quadros em fraternidades masculinas, fechadas e hierarquizadas, onde os estudantes formam laços para toda a vida, praticam duelos iniciáticos com espadas e adquirem influência entre as elites.

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