A ministra delegada do Comércio Exterior da França, Sophie Primas, afirmou durante uma visita ao Brasil que as condições apresentadas por Paris para aprovar o acordo de livre comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul "não estão cumpridas".
"A minha mensagem ao Brasil foi clara (...) a França estabeleceu condições exigentes em termos de meio ambiente e respeito às normas, e hoje estas não estão cumpridas", disse a ministra em um comunicado enviado à AFP.
"Continuaremos lutando neste sentido, com todos os nossos interlocutores", acrescentou.
As negociações entre UE e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai), estagnadas há vários anos, voltaram a ganhar estímulo nos últimos meses por iniciativa de alguns países europeus, como Alemanha e Espanha.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez, afirmou que a União Europeia está "muito perto de fechar" um acordo com o bloco sul-americano.
"Temos dois eventos-chave: (...) a cúpula do G20 em novembro, no Rio de Janeiro, e também a cúpula do Mercosul, em dezembro deste ano. Portanto, vamos trabalhar para materializar" o acordo, destacou.
Na quinta-feira, Sophie Primas participou em uma reunião de ministros do Comércio do G20, em Brasília.
"Esta reunião do G20 Comércio foi também o melhor momento para a França reafirmar a nossa posição firme sobre o acordo UE-Mercosul aos nossos parceiros na América Latina", disse.
Na semana passada, o presidente da França, Emmanuel Macron, declarou que a proposta para concluir o acordo "não é aceitável" da forma como está.
"Pedimos o respeito aos Acordos de Paris [sobre o clima] e a proteção dos interesses das indústrias e dos agricultores europeus", disse Macron, após uma reunião de cúpula da UE.
O governo brasileiro expressou otimismo com o avanço das discussões.
"A expectativa é que o acordo possa ser concluído este ano", afirmou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, após uma reunião na quarta-feira entre o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, e o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis.
Em 2019, as partes alcançaram um acordo político, mas surgiram novos obstáculos, especialmente devido à oposição da França, por considerar que o documento não protege os agricultores da UE de maneira adequada.
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