Yamandu Orsi, candidato da esquerda à presidência do Uruguai, favorito nas pesquisas até o momento -  (crédito: Pablo PORCIUNCULA / AFP)

Yamandu Orsi, candidato da esquerda à presidência do Uruguai, favorito nas pesquisas até o momento

crédito: Pablo PORCIUNCULA / AFP

O Uruguai, a democracia mais estável da América Latina, votará no domingo (27) para eleger o sucessor do presidente de centro-direita Luis Lacalle Pou, com a esquerda como favorita em uma corrida que parece encaminhada para o segundo turno.

 

O esquerdista Yamandú Orsi, professor de História de 57 anos, pupilo do ex-presidente José "Pepe" Mujica e candidato da oposição Frente Ampla, lidera as intenções de voto com 41%-47%, mas não obteria mais do que os 50% necessários para vencer no primeiro turno. 

 

 

Orsi aspira governar este país de 3,4 milhões de habitantes, predominantemente agrícola, com alta renda per capita e baixos níveis de pobreza e desigualdade em relação à região. 

 

Ele é seguido pelos candidatos dos principais partidos da coalizão liderada pelo presidente Lacalle Pou, que tem 47% de aprovação, mas não pode buscar a reeleição imediata segundo a Constituição. 

 

 

O candidato do Partido Nacional, Álvaro Delgado, veterinário de 55 anos que foi secretário da Presidência de Lacalle Pou, tem apoio de 20%-25%.

 

Com 15-16%, seu rival do também histórico Partido Colorado, Andrés Ojeda, de 40 anos, pode arrebatar o segundo lugar. 

 

Este jovem advogado midiático, que é comparado ao ultraliberal presidente argentino Javier Milei pela sua forma pouco tradicional de fazer política, apresenta-se como o rosto da renovação e tem ganhado força nas últimas semanas.

 

 

Mais de 2,7 milhões de uruguaios devem comparecer às urnas para eleger o presidente e o vice-presidente para o período 2025-2030, assim como as 30 cadeiras no Senado e 99 na Câmara dos Deputados.

 

- Provável segundo turno -

 

A tensão voltou-se em grande parte para as redes sociais, não imunes à onda de desinformação que afeta os processos eleitorais no mundo.

 

A equipe de verificação da AFP registrou conteúdos com imagens que fingem ser da imprensa e termos como "fraude" ou "clonagem de envelopes" que visam desacreditar as eleições. 

 

Caso nenhum dos candidatos obtenha a maioria absoluta, haverá um segundo turno no dia 24 de novembro. 

 

Para a disputa final, tudo indica que Orsi enfrentará Delgado ou Ojeda, que se apoiarão e esperam contar com os votos dos parceiros menores do bloco governante: Cabildo Abierto (4%-2% nas pesquisas) e o Partido Independente (3%-1%). 

 

 

Os dois lados aspiram conquistar a maioria parlamentar em outubro, um sinal inequívoco, segundo os analistas, de alcançar a vitória em novembro.

 

- Economia - 

 

Independente de quem vencer, não são esperadas grandes mudanças na política econômica.

 

Todos os candidatos apostam na aceleração do crescimento, desacelerado pela pandemia de covid-19 e por uma seca histórica, mas em recuperação: o FMI projeta uma expansão do PIB de 3,2% em 2024 e de 3% em 2025. O grande desafio é reduzir o déficit fiscal (-4,4 do PIB em agosto). 

 

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Por conta disso, os observadores internacionais veem com preocupação uma vitória do plebiscito para modificar o sistema de seguridade social, promovido pela central sindical única Pit-Cnt, junto com setores da frente ampla como o Partido Comunista e o Partido Socialista. 

 

"O próximo governo herdará um espaço fiscal relativamente limitado", disse Yolanda Ngo, executiva da agência de classificação de risco Morningstar DBRS. 

 

"A questão-chave é se ele se concentrará em perseguir seus objetivos políticos de uma forma fiscalmente sustentável, como esperamos, ou se terá que se concentrar em conter as consequências de um plebiscito bem-sucedido sobre a seguridade social", acrescentou.

 

Todos os candidatos anunciaram que não votarão a favor desta emenda constitucional e as pesquisas projetam que será rejeitada.