Nos últimos anos, a Bolívia vem enfrentando períodos de instabilidade política. Em 2019, Morales deixou o poder após um golpe de Estado que ocorreu depois de uma série de greves e protestos eclodirem pelo país. -  (crédito: EneasMx -  wikimedia commons )

'Estão atirando em nós, estão nos detendo, rapidamente, mobilizem-se', diz o ex-presidente no vídeo

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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O ex-presidente da Bolívia Evo Morales disse ter sido vítima de um ataque a tiros neste domingo (27/10). Líder da oposição no país, Morales postou vídeos do ataque nas redes sociais hoje. Ele alega que 14 tiros foram disparados por homens encapuzados. "Esta foi a tentativa de assassinato ocorrida às 6h20, às portas do nono, no município de Shinahota", diz a legenda.

 

 

Nas imagens, Morales aparece no banco da frente. No telefone, o ex-presidente diz: "Estão atirando em nós, estão nos detendo, rapidamente, mobilizem-se".

 

 

 

Vídeo mostra marcas de tiros no carro, e o condutor ferido na cabeça. Não há detalhes sobre o estado de saúde, nem sobre a extensão do ferimento.

 

 

"O carro em que cheguei levou 14 tiros. Me surpreenderam. Felizmente, hoje, salvamos nossas vidas (...). Os que atiraram estavam encapuzados (...). Isto foi planejado, era para matar Evo", disse em uma entrevista à rádio Kawsachun Coca.

 

"Como todos os domingos, íamos para Lauca Ñ, para realizar o nosso programa dominical, quando nas portas da novena fomos cruzados por dois veículos, aparentemente Tundras, dos quais saíram 4 policiais encapuzados e vestidos de preto com armas nas mãos. Saíram e começaram a atirar", disse Evo Morales, em publicação no Facebook

 

Nos últimos dias, apoiadores do ex-presidente têm bloqueado estradas da Bolívia. Manifestações tentam evitar uma provável prisão de Morales, enquanto o governo atual tenta impedir os bloqueios.

 

Investigação de 'estupro, tráfico e exploração de pessoas'

 

Morales foi intimado pelo Ministério Público do departamento de Tarija para prestar depoimento dentro do processo por "estupro, tráfico e exploração de pessoas". O ex-presidente, no entanto, decidiu não se apresentar ao órgão, que o investiga pelo suposto abuso de uma menor durante o seu mandato, o que pode lhe render uma ordem de prisão.

 

 

O líder indígena classifica as acusações como "mais uma mentira". O advogado Nelson Cox, que o representa, disse que o cliente não vai comparecer porque considera que a investigação é "ilegal".

 

O escândalo que pode colocar Morales na prisão é de um caso de 2015. Segundo a denúncia investigada pelo Ministério Público - o 'líder cocaleiro' se envolveu com uma menor de 15 anos, com quem teve uma filha em 2016.


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Morales é hoje o principal opositor do governo de seu ex-ministro Luis Arce e o acusa de reabrir o caso como parte de uma "perseguição judicial". Objetivo seria afastá-lo da corrida pela indicação do grupo político da situação, que vive uma disputa interna, para as eleições presidenciais de 2025.