Um professor de História de esquerda e um veterinário de centro-direita disputarão a presidência do Uruguai, a democracia mais estável da América do Sul, após a realização do primeiro turno no domingo (27).

Yamandú Orsi, da esquerdista Frente Ampla, e Álvaro Delgado, do Partido Nacional, legenda do atual presidente Luis Lacalle Pou, disputarão o segundo turno em 24 de novembro.

No primeiro turno, Orsi recebe 43,9% dos votos e Delgado recebeu 26,7%, segundo a Corte Eleitoral.

Confira duas breves biografias dos candidatos:

- O escolhido de Pepe - 

Yamandú Ramón Antonio Orsi Martínez, 57 anos, é apadrinhado pelo popular ex-presidente José "Pepe" Mujica. Nasceu na zona rural, em uma casa sem luz, e cresceu na pequena cidade de Canelones, onde estudou em escola pública. 

Orsi é, como Mujica, descendente de espanhóis e italianos, educado em escolas públicas e comprometido com a igualdade, o DNA da idiossincrasia uruguaia. Nasceu na zona rural, em uma casa sem luz, e cresceu na pequena cidade de Canelones.

Em 1991, formou-se professor de História e lecionou em escolas de Ensino Médio do interior até 2005, quando iniciou sua carreira no governo de Canelones, primeiro como secretário-geral por quase 10 anos e depois como prefeito por dois mandatos. 

Ele renunciou ao cargo para disputar as internas partidárias de junho, que venceu com mais de 60% dos votos, superando em muito a ex-prefeita de Montevidéu Carolina Cosse, que contava com o apoio de comunistas e socialistas e se tornou sua companheira de chapa. 

Quando jovem, Orsi cuidava da loja de seus pais, foi coroinha na Igreja Católica e dançarino de folclore. Em 1989, aderiu ao Movimento de Participação Popular fundado por Mujica. 

Orsi foi casado duas vezes, a última com a mãe de seus filhos gêmeos de 11 anos. 

Com perfil moderado, o homem que dizia ter medo da lua quando criança já disse que se prepara para ser presidente há muito tempo. No entanto, não apresentou um plano de governo antes das eleições, o que suscitou críticas. 

Ele também foi questionado por não participar de debates ou conceder entrevistas a diversos veículos de comunicação.

- Braço direito do presidente -

Álvaro Luis Delgado Ceretta, 55 anos, nunca imaginou que poucos dias após assumir o cargo em 2020 como secretário da Presidência de Luis Lacalle Pou, seria declarada uma pandemia que paralisaria o mundo. No entanto, servir como porta-voz do governo em meio à crise da covid-19 testou sua coragem e o projetou como candidato presidencial. 

Antes de chegar à Torre Executiva com o amigo Lacalle Pou, com quem viajou pelo país arquitetando um projeto político, Delgado foi inspetor-geral do Trabalho, deputado por Montevidéu e senador. 

Entrou para a política após trabalhar como produtor rural e veterinário em estabelecimentos agropecuários. Um teste vocacional mostrou inclinação para a advocacia, mas ele optou pela área que amava, e se formou veterinário em 1995. 

Nascido em Montevidéu, Delgado foi educado em escolas católicas, fé que professa. Ele se casou em 1997 e tem três filhos, de 25, 23 e 21 anos. Diz que é mais feliz no campo do que na praia e adora andar a cavalo. 

Durante a campanha, Delgado foi chamado de "homem das cavernas" e "cafona" por chamar sua candidata a vice-presidente, a ex-líder sindical Valeria Ripoll, de "bombom". 

O episódio motivou memes e piadas nas redes sociais. Foi um "erro" e uma "brincadeira infeliz", reconheceu mais tarde.

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