FOLHAPRESS - O Parlamento de Israel aprovou o banimento da UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos, de seu território nesta segunda-feira (28/10).
"Funcionários da UNRWA envolvidos em atividades terroristas contra Israel precisam ser responsabilizados. Como evitar uma crise humanitária é também essencial, auxílio humanitário precisa continuar disponível em Gaza agora e no futuro", afirmou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, em perfil no X.
O diretor da agência, Philippe Lazzarini, disse que a decisão "vai apenas aprofundar o sofrimento dos palestinos, especialmente em Gaza".
Já o conselheiro de imprensa da organização, Adnan Abu Hasna, afirmou à rede qatari Al Jazeera (também banida de Israel) que a proibição de operações da agência é uma "escalada sem precedentes" que significará o colapso da oferta de ajuda humanitária na área.
"Se as Nações Unidas não estão dispostas a limpar o terrorismo e integrantes do Hamas desta organização, então temos que tomar medidas para assegurar que eles não firam nosso povo nunca mais", disse a parlamentar israelense Sharren Haskel.
A UNRWA emprega dezenas de milhares de pessoas e providencia serviços de educação, saúde e ajuda humanitária a milhões de palestinos na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Líbano e Síria.
A agência foi criada em 1949 e começou a operar em 1950. A fundação da UNRWA estava diretamente ligada à necessidade de providenciar auxílio a palestinos deslocados pelos conflitos que terminaram pelo estabelecimento do Estado de Israel.
Há hoje cerca de 5,9 milhões de palestinos considerados refugiados -pessoas e seus descendentes que perderam seu lugar de residência, de acordo com o critério da ONU. A grande maioria deles está em nações do Oriente Médio.
As tensas relações entre Israel e a UNRWA são hoje um dos pontos mais agudos da crise mais ampla de Tel Aviv com as Nações Unidas.
Israel x ONU
Israel acusou a agência da ONU de possuir no seu quadro de funcionários pessoas que participaram dos ataques do Hamas no dia 7 de outubro de 2023 que desencadearam a guerra na Faixa de Gaza, hoje amplificada para o Oriente Médio como um todo.
Segundo Tel Aviv, 190 teriam algum elo com o Hamas, e 12 estariam envolvidos de alguma forma nos atentados de outubro. Em agosto, a UNRWA demitiu 9 funcionários afirmando que eles poderiam ter vínculo com os ataques.
"Para nove pessoas, as evidências foram suficientes para concluir que elas podem ter tido envolvimento nos ataques de 7 de outubro", disse na ocasião Farhan Haq, o porta-voz adjunto da ONU. Os funcionários em questão foram demitidos.
Um comandante do Hamas no Líbano morto em setembro por um ataque aéreo israelense seria empregado pela organização, e outro comandante, morto em Gaza neste mês, havia se infiltrado como funcionário de ajuda humanitária.
A acusação gerou suspeição de parte da comunidade internacional em relação à imagem da UNRWA, e vários dos principais doadores da agência, entre eles os EUA e países europeus, anunciaram a suspensão de contribuições.
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Em maio, a agência fechou sua sede em Jerusalém Oriental depois que um incêndio atingiu o local. Philippe Lazzarini, diretor da entidade, escreveu no X na ocasião que funcionários da UNRWA e de outras agências da ONU estavam no local no momento em que os incêndios foram provocados, e que o recinto continuaria fechado "até que a segurança necessária seja restabelecida".