A Justiça peruana ordenou, nesta segunda-feira (28), a dissolução de um grupo apontado como o braço político e jurídico da guerrilha desarticulada do Sendero Luminoso, além de condenar a 35 anos de prisão por terrorismo vários de seus líderes, muitos deles já presos.
"A Quarta Vara Criminal de Apelações Nacional dispõe a dissolução do Movimento pela Anistia e Direitos Fundamentais (Movadef)", informou o Poder Judiciário na rede social X.
Além disso, o veredicto da corte impôs 35 anos de prisão a Victoria Trujillo, e 16 anos e 3 meses para cerca de 20 advogados, entre os quais figuram Alfredo Crespo e Carlos Gamero, a quem considerou culpados do "crime de terrorismo".
Considerados membros da "cúpula terrorista" do Sendero Luminoso, os condenados já estavam detidos, alguns há mais de três anos, sob as leis locais antiterrorismo.
Esses advogados, agrupados no Movadef, defenderam nas últimas duas décadas o líder e fundador da guerrilha, Abimael Guzmán, falecido na prisão aos 86 anos em 2021.
Em sua decisão, o tribunal declarou a "impossibilidade de impor uma segunda prisão perpétua" aos também líderes do Sendero Luminoso Elena Yparraguirre (viúva de Guzmán), Florindo Flores e Osmán Morote, pois já cumprem uma pena de prisão perpétua e outra de 35 anos.
A promotoria alegou no julgamento que os acusados "contribuíram para a criação, operação e financiamento das atividades do Movadef".
Segundo as autoridades, esse movimento reúne, além dos advogados, estudantes, professores, trabalhadores e familiares dos condenados por terrorismo.
A polícia antiterrorista peruana calcula que o Movadef conta com 2.500 integrantes, 70% deles estudantes.
O grupo propunha uma "anistia geral de civis, policiais e militares que intervieram no conflito armado (1980-2000) para pôr fim aos problemas derivados da guerra interna", e assinalava que seu objetivo era participar "sem armas" da vida política e democrática do país.
As autoridades eleitorais peruanas descartaram essa possibilidade nas eleições de 2021, alegando que o Movadef tinha vínculos com a guerrilha maoísta.
O Sendero Luminoso considerava seu líder Guzmán como a "quarta espada" do movimento comunista mundial, depois de Marx, Lenin e Mao Tsé Tung.
Após a captura de Guzmán e a queda de numerosos dirigentes, o grupo possui remanescentes em vales cocaleiros do país que atuam em aliança com o narcotráfico, segundo as autoridades peruanas.
O Sendero Luminoso apelou ao terrorismo como principal método, o que provocou a intervenção das forças armadas e deixou mais de 69 mil mortos entre 1980 e 2000.
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