O secretário-geral da ONU, António Guterres, enviou, nesta terça-feira (29), uma carta ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na qual pede que seja mantida a permissão de funcionamento da agência para os refugiados palestinos (UNRWA), proibida por lei na véspera em Israel.

"A lei, tal como a entendemos, estabelece 90 dias para entrar em vigor. Estamos em contato com as autoridades israelenses. O secretário-geral (...) enviou há algumas horas uma carta ao primeiro-ministro israelense para ressaltar suas preocupações", declarou seu porta-voz, Stéphane Dujarric, ao acrescentar que a organização espera que "não se aplique" a legislação.

Na missiva, à qual a AFP teve acesso, Guterres reitera que se chegar a vigorar, a lei terá "consequências devastadoras" para os palestinos em Gaza e na Cisjordânia, visto que "não existe atualmente nenhuma alternativa realista à UNRWA que possa proporcionar adequadamente os serviços e a assistência requeridos".

Esta agência foi criada em dezembro de 1949 pela Assembleia Geral da ONU a partir do primeiro conflito árabe-israelense, pouco após a fundação do Estado de Israel, em maio do ano anterior.

Israel acusa essa entidade de ter sido infiltrada por membros do movimento islamista palestino Hamas, autor dos ataques mortais de 7 de outubro de 2023 em solo israelense, que foram o gatilho para o atual conflito em Gaza.

Em sua carta, Guterres ressalta que Israel, "como potência ocupante, segue tendo o dever de zelar para que sejam atendidas as necessidades da população", considerando que o país tem obrigações com a UNRWA segundo vários acordos.

"Israel seguirá fornecendo ajuda humanitária a Gaza de acordo com o direito internacional, mas a UNRWA fracassou em seu mandato", reagiu o embaixador israelense na ONU, Danny Danon.

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