A investigação criminal contra o ex-presidente Evo Morales pelo abuso sexual de uma menor quando ainda era chefe de Estado da Bolívia está avançando, mas ainda não há ordem de captura contra ele, informou a promotora encarregada do caso nesta quarta-feira (30).

Neste "pouco tempo já conseguimos reunir quatro (...) cadernos de investigação onde se encontram todos os indícios e algumas provas já materiais que conseguimos coletar", declarou a promotora Sandra Gutiérrez.

No entanto, a encarregada do Ministério Público do departamento de Tarija (sul) disse que informará "oportunamente" se emitirá uma ordem de prisão contra Morales, que tachou o processo de "mais uma mentira" orquestrada por seu ex-ministro e hoje adversário Luis Arce.

"Aqui não se está investigando qualquer pessoa: se está investigando um ex-presidente que obviamente, como ele mesmo disse, tem mais de 200 advogados", afirmou Gutiérrez. 

Morales, primeiro indígena a governar a Bolívia entre 2006 e 2019, enfrenta desde setembro um processo por estupro e tráfico de pessoas.

Segundo sua versão, o caso foi reaberto como parte de uma "perseguição judicial" do governo para impedir que seja o candidato presidencial da esquerda governista em 2025.

A promotora de Tarija já tinha ordenado sua apreensão em 26 de setembro passado, mas a disposição foi anulada pela justiça, que acolheu um recurso legal a favor do líder indígena.

Após a reabertura do processo criminal, seus seguidores protestam há 17 dias com bloqueios viários que resultaram em confrontos com a polícia que deixaram 43 feridos - a maioria de membros das forças de ordem - e na detenção de 50 manifestantes. 

Além do ex-presidente, o Ministério Público investiga os pais da vítima por terem obtido "benefícios" ao inscreverem sua filha na "guarda juvenil" de Morales, segundo a resolução judicial que sustentou a ordem de apreensão anulada.

O pai foi apreendido em meados do mês e um juiz determinou sua prisão preventiva por quatro meses.

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