Centenas de equatorianos protestaram, nesta quinta-feira (31), em Quito, contra o governo de Daniel Noboa, devido às crises de segurança e energia no país, onde apagões de até 14 horas têm gerado perdas milionárias nas últimas seis semanas.

A marcha, organizada por estudantes e organizações sociais, avançou do norte da capital até o Centro Histórico, entoando gritos como "Fora Noboa!" e segurando cartazes de protesto. 

Os manifestantes caminharam da Universidade Central até a praça de Santo Domingo, sem que a Polícia reportasse incidentes até o momento.

Os protestos foram dirigidos a Noboa. O presidente, filho de um magnata que buscará a reeleição em fevereiro e que é considerado "prepotente" pelos manifestantes.

"Chega de meninos ricos no poder", dizia outro cartaz.

O presidente, que liderava as intenções de voto em duas pesquisas privadas divulgadas em agosto, admitiu no domingo que sua popularidade caiu devido aos racionamentos de eletricidade provocados pela pior seca em 61 anos.

"Este é um governo indolente", reclamou Marcelo Ushiña, presidente da Federação Nacional de Organizações Campesinas.

A taxa de homicídios no Equador passou de 6 por 100.000 habitantes em 2018 para um recorde de 47/10.000 em 2023.

Maria Paz Jervis, presidente do Comitê Empresarial Equatoriano, disse nesta quinta-feira que as vendas a nível nacional caíram 20% durante a atual período de cortes de luz.

"Isto é muito dinheiro", apontou a dirigente, que afirmou que as perdas com a queda nas vendas somam 4 bilhões de dólares (R$ 23,1 bilhões).

O setor industrial afirma que, a cada hora sem energia, o país perde 12 milhões de dólares.

Na última sexta-feira, o governo impôs a medida mais restritiva do ano ao ordenar 14 horas diárias de suspensão do serviço elétrico. Em abril, já havia decretado cortes de até 13 horas por dia.

O Executivo atribui a crise elétrica à "difícil situação climática".

Neste ano, a região ligou os alarmes devido a uma longa temporada seca associada às mudanças climáticas, que resultou em racionamentos de água e energia e incêndios florestais.

O Equador precisa de cerca de 4.600 MW e enfrenta um déficit de pelo menos 1.600 MW.

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