O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, saiu em defesa do secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta quinta-feira (3), depois de este ter sido declarado "persona non grata" por Israel por considerar que não condenou claramente o ataque iraniano de terça-feira.
"Devemos rejeitar os ataques ao secretário-geral das Nações Unidas, que é o único instrumento que temos para tentar garantir a paz no mundo", disse Borrell em um discurso no Fórum La Toja-Vínculo Atlântico, na província espanhola de Pontevedra.
"Sim, tudo começou com os ataques terroristas do Hamas, que condenamos, mas esses ataques, como disse o secretário-geral das Nações Unidas, não foram criados no vácuo", acrescentou Borrell, depois de receber o prêmio anual deste fórum de debate.
"Dizer isso não deveria valer a ninguém o apelido ou o insulto de antissemita", continuou ele.
"Sim, Israel tem direito à defesa, mas esse direito, como todos os direitos, tem os seus limites. E a pergunta que nós, europeus, não queremos fazer a nós mesmos, ou que pelo menos não queremos responder, é se esses limites foram ultrapassados", refletiu o diplomata europeu.
"Minha resposta é sim, infelizmente", sentenciou.
Após o ataque do Irã a Israel com quase 200 mísseis na noite de terça-feira, Guterres reagiu condenando "a ampliação do conflito no Oriente Médio" e a dinâmica de "escalada após escalada", sem mais detalhes.
Embora no dia seguinte ele tenha condenado "energicamente" o ataque iraniano, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israël Katz, declarou-o "persona non grata em Israel".
Katz acusou Guterres de apoiar "os assassinos do Hamas, o Hezbollah, os huthis e agora o Irã, a mãe do terrorismo global".
A relação notoriamente difícil entre Israel e a ONU chegou ao fundo do poço depois de 7 de outubro, data do ataque sem precedentes do Hamas a Israel que desencadeou a atual guerra em Gaza.
Os apelos israelenses para que António Guterres renunciasse começaram logo depois, quando o secretário-geral enfatizou que o ataque do Hamas "não ocorreu no vácuo" e que os palestinos viviam "56 anos de ocupação sufocante".
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