As secas e as enchentes extremas que ocorrem atualmente em várias partes do mundo são um "indicador" de evoluções futuras, com um ciclo da água mais irregular devido à mudança climática, alertou a ONU nesta segunda-feira (7).

Um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU, destaca a escassez e o estresse crescentes que afetam os recursos hídricos globais. 

"Os recursos hídricos são um indicador do perigo da mudança climática", afirmou Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, em comunicado. 

"Estamos recebendo sinais de alerta na forma de chuvas, enchentes e secas cada vez mais extremas que ceifam inúmeras vidas e prejudicam gravemente os ecossistemas e as economias", acrescentou. 

O ano de 2023 foi o mais quente já registrado, as altas temperaturas e as fracas precipitações contribuíram para prolongar as secas. 

América Central, Argentina, Uruguai, Peru e Brasil, assim como o sul dos Estados Unidos, foram afetados por uma seca generalizada que levou a uma perda de 3% do Produto Interno Bruto na Argentina, observa o relatório.

No entanto, inúmeras enchentes também ocorreram em todo o mundo. Os eventos hidrológicos extremos foram influenciados pelas condições climáticas naturais – a transição de La Niña para El Niño em meados de 2023 – assim como pela mudança climática induzida pelo homem, observa a OMM. 

"Com o aumento das temperaturas, o ciclo hidrológico acelerou. Tornou-se também mais irregular e imprevisível e enfrentamos problemas crescentes de excesso ou escassez de água", explicou Celeste Saulo. 

Atualmente, 3,6 bilhões de pessoas não têm acesso suficiente à água durante pelo menos um mês por ano, número que deverá aumentar para mais de 5 bilhões até 2050, segundo dados da ONU. 

"Este relatório pretende contribuir para melhorar o monitoramento, a troca de dados, a colaboração transfronteiriça e as avaliações", disse Saulo, chamando-o de "uma necessidade urgente".

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