FOLHAPRESS - A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata do Partido Democrata à Casa Branca, Kamala Harris, evitou chamar o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, de "aliado próximo" em entrevista ao programa 60 Minutes, um dos mais conhecidos e bem-sucedidos do país, que foi ao ar nesta segunda-feira (7), um ano depois dos ataques de 7 de outubro de 2023.
A entrevista na emissora CBS foi conduzida pelo jornalista Bill Whitaker, que mencionou o fato de que os EUA fornecem bilhões de dólares em equipamento militar em Israel, mas parecem ter tido pouca influência sobre o principal aliado no Oriente Médio desde o início da guerra. Em seguida, perguntou se Kamala considera Netanyahu, que é próximo do candidato republicano, Donald Trump, um "aliado próximo" dos EUA.
"Com todo respeito, uma pergunta melhor seria: temos uma aliança importante entre o povo americano e o povo israelense? E a resposta para essa pergunta é sim", disse Kamala, evitando responder a pergunta diretamente.
O governo israelense resiste à pressão da comunidade internacional, incluindo dos EUA, para negociar um cessar-fogo na região, e o primeiro-ministro já disse que a guerra só terminará com a destruição do grupo terrorista Hamas, um objetivo considerado pouco factível por especialistas. Netanyahu também ignorou alertas americanos a respeito de se envolver em uma operação terrestre no Líbano, e invadiu aquele país no último dia 30.
Os EUA, no entanto, não levantaram a possibilidade de suspender o envio de armas a Israel e reforçaram sua presença militar na região, que já conta com um porta-aviões estacionado no sul do Mediterrâneo, em uma tentativa de dissuadir o Irã, inimigo de Tel Aviv, de realizar novos ataques.
Na entrevista, Kamala relembrou as vítimas do 7 de outubro e repetiu que Israel tem o direito de se defender. "Nós o faríamos", acrescentou. Mas pontuou também que "palestinos inocentes demais morreram, e essa guerra precisa acabar", destacando esforços diplomáticos dos EUA nesse sentido --ignorados por Netanyahu até aqui.
Kamala também foi questionada sobre a economia americana, citada frequentemente como uma das principais preocupações dos eleitores do país. A candidata insistiu que a economia vai bem, como apontam uma série de indicadores macroeconômicos, ao mesmo tempo em que admitiu que a inflação está alta, dizendo ter um plano para diminuir os preços --mas não deu muitos detalhes.
Quando Whitaker a pressionou sobre como financiaria a proposta de diminuir tributos para quem compra uma casa pela primeira vez, Kamala citou a necessidade de aumentar impostos pagos pelos mais ricos. "Não é justo que professores, enfermeiros e bombeiros pagam mais impostos proporcionalmente do que bilionários e grandes empresas."
O jornalista perguntou então como Kamala conseguiria apoio no Congresso americano para aprovar essas propostas --a Câmara dos Deputados dos EUA é controlada pelo Partido Republicano, avesso a aumentar impostos para qualquer estrato da sociedade. A democrata não respondeu diretamente à pergunta, dizendo que há pessoas dispostas a negociar o tema no Legislativo.
Sobre imigração, Whitaker perguntou porque o governo Biden não fez mais para conter o fluxo de imigrantes e refugiados que entram nos EUA pela fronteira sul desde o início do mandato, deixando para tomar medidas mais duras agora, em período eleitoral. Kamala repetiu que a lei proposta pela Casa Branca que endureceria a política migratória foi barrada nos bastidores por Donald Trump e seus aliados republicanos no Congresso.
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O candidato republicano, Donald Trump, também seria entrevistado pelo 60 Minutes, mas recuou do compromisso mais tarde. As eleições nos EUA acontecem no dia 5 de novembro, a menos de um mês.