A ONG Save the Children negou, nesta terça-feira (8), estar envolvida no tráfico de crianças migrantes na Guatemala, um dia depois de a promotoria realizar buscas em cinco sedes da organização no país.

Os mandados foram executados pelo questionado promotor Rafael Curruchiche, que denunciou "possíveis violações e abusos contra a infância guatemalteca" relacionados ao suposto tráfico de crianças migrantes que viajam sozinhas para os Estados Unidos.

"Reafirmamos que nunca facilitamos qualquer traslado de crianças ou adolescentes fora da Guatemala", disse a ONG em um e-mail enviado à AFP após as buscas em seus escritórios em dois municípios fronteiriços com Honduras e três povoados maias.

"Após as alegações anteriores contra nossa organização neste ano, confirmamos que não foram encontradas provas de irregularidades", acrescentou a ONG, com sede no Reino Unido, referindo-se à busca em sua sede nacional na capital guatemalteca em abril.

A primeira busca ocorreu 12 dias depois que a imprensa local divulgou que a promotoria da Guatemala havia solicitado à sua similar no Texas colaboração para investigar um suposto tráfico de crianças guatemaltecas na fronteira sul dos Estados Unidos, envolvendo ONGs como Save the Children.

Em uma carta, o secretário-geral da promotoria guatemalteca, Ángel Pineda, pediu ao procurador-geral do Texas, Ken Paxton, sua "atenção" para uma "situação grave" relacionada a uma denúncia de uma suposta "rede complexa" de tráfico de menores não acompanhados.

Segundo Pineda, a denúncia alertava sobre um "padrão de desaparecimento" na Guatemala de crianças que depois eram encontradas sem a proteção dos pais em abrigos no Texas, locais com histórico de "denúncias" de "abuso sexual".

"Estamos profundamente comprometidos com a transparência e a responsabilização. Estamos colaborando com as autoridades e cuidando de nosso pessoal", afirmou Save the Children.

A ONG começou a trabalhar na Guatemala em 1976 após um terremoto que devastou o país e foi formalmente estabelecida em 1983. Atualmente, tem projetos de educação, saúde, nutrição e assistência a famílias migrantes, entre outros.

Curruchiche, Pineda e sua chefe, a procuradora-geral Consuelo Porras, foram sancionados pelos Estados Unidos e pela União Europeia, por serem considerados "corruptos e antidemocráticos”.

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