O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ, na sigla em inglês) acusou Israel de não ter se responsabilizado pelo ataque que levou à morte de um jornalista da agência Reuters e deixou seis outros repórteres feridos, dois deles da AFP, um incidente que ocorreu há um ano no sul do Líbano.

O CPJ garante que a ausência de investigações sérias sobre as averiguações da análise independente concluem que o disparo de um obus do Exército israelense contra um grupo de sete jornalistas deu às forças de Israel a licença para fazê-lo novamente.

"Um ano depois, Israel ainda não confirmou se concluiu uma investigação preliminar sobre o ataque", afirma um relatório do CPJ sobre o primeiro aniversário do ataque.

"O Escritório de Mídia da América do Norte das Forças de Defesa de Israel disse ao CPJ em um e-mail que os militares usaram munição de tanques e de artilharia em 13 de outubro para evitar uma suposta 'infiltração terrorista', e que o incidente estava 'sob revisão'", afirmou o documento.  

O jornalista da Reuters Issam Abdallah foi morto no ataque e outros seis comunicadores ficaram feridos, incluindo a fotógrafa da AFP Christina Assi e o videojornalista Dylan Collins.  

Christina teve a perna amputada e passou cinco meses na UTI do hospital.

Investigações independentes realizadas por grupos de defesa dos direitos humanos concluíram, bem como uma investigação da AFP, que o primeiro ataque que matou Abdallah e feriu gravemente Assi foi provavelmente um obus disparado de Israel. 

O grupo de jornalistas foi atingido duas vezes seguidas enquanto trabalhava perto da cidade fronteiriça de Alma al Shaab, em uma área onde o Exército israelense e grupos armados libaneses e palestinos se enfrentam quase diariamente. 

A diretora-executiva do CPJ, Jodie Ginsberg, disse que "apesar das numerosas evidências de que se trata de um crime de guerra, um ano após o ataque, Israel não foi responsabilizado pelos ataques contra jornalistas".

"Com mais de duas décadas de ataques seletivos contra jornalistas sem nenhuma consequência, o Exército israelense concedeu-se licença para continuar com este padrão mortal", acrescentou.

O exército de Israel não respondeu a um novo pedido de comentário da Agence France-Presse.

"Lamentamos muito a morte do jornalista", declarou um porta-voz militar israelense após o ataque, acrescentando que Israel estava "investigando" o incidente, sem assumir a responsabilidade.

Segundo o CPJ, mais de 970 jornalistas foram mortos em todo o mundo desde 1992 no exercício de sua profissão.

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