O escritor chileno Antonio Skármeta, autor do romance "O carteiro de Pablo Neruda", que foi adaptado para o cinema com o título “O carteiro e o poeta” (1994), morreu na terça-feira (15/10), aos 83 anos, após sofrer de Alzheimer, conforme anunciou seu filho.

 

"Meu pai faleceu nesta manhã. Foi um longo processo, que começou há anos com Alzheimer e terminou em uma morte natural", disse Fabián Skármeta.

 

 

"Como família, estamos tranquilos. Estivemos minha mãe (Nora María Preperski) e eu com ele o tempo todo, acompanhando-o", contou.

 

O escritor ganhou reconhecimento mundial com seu livro "Ardiente paciencia", que narra a relação de um carteiro com o Prêmio Nobel de literatura Pablo Neruda (1904-1973).

 

A adaptação cinematográfica da obra, uma produção italiana com Philippe Noiret no papel de Neruda, recebeu quatro indicações ao Oscar.

 

Skármeta também foi reconhecido com o Prêmio Casa de las Américas, o Prêmio Unesco em 2003 e o Prêmio Planeta em duas ocasiões. Em 2014, recebeu o prêmio nacional de Literatura do Chile.


 



 

"Obrigado, mestre, pela vida vivida. Pelos contos, os romances e o teatro. Pelo compromisso político", escreveu o presidente do Chile, Gabriel Boric, em sua conta na rede social X.

 

O mandatário também agradeceu pelo programa televisivo cultural "O show dos livros", "que ampliou as fronteiras da literatura" na década de 1990. "Obrigado por sonhar que a neve ardia no Chile que tanto te doeu", destacou Boric.

 

Nascido em 7 de novembro de 1940, em Antofagasta, no Norte do Chile, Skármeta pertence à chamada geração de 60.

 

Estudou Filosofia na Universidade do Chile, onde anos depois trabalhou como diretor de teatro e como professor na Faculdade de Filosofia e Educação. Teve também uma temporada de estudos em Nova York, na Universidade de Columbia, onde produziu uma tese sobre a literatura do argentino Julio Cortázar (“Jogo de amarelinha”). 

 

Infância

Na infância, Skármeta, que era filho de croatas, viveu durante um período em Buenos Aires, a capital argentina. Ele teve dois filhos com a pintora Cecilia Boisier, com quem se casou em 1964. 

 

A Argentina voltou a ser seu destino quando se exilou após o golpe militar de 1973 no Chile. Em seguida, ele se radicou na Alemanha, onde escreveu o livro a cujo título o presidente Bóric se referiu em sua homenagem – “Sonhei que a neve ardia”.  

 

Exílio na Alemanha

Foi na Alemanha também que escreveu a história fictícia da amizade do carteiro com o poeta Neruda em Isla Negra, publicada inicialmente em 1985 e que ganhou vida própria.

 

Foi levada ao teatro e ao cinema em várias versões, e, em vista do sucesso do filme de Michael Radford, que ambientou a história na Itália, o romance foi rebatizado como "O carteiro e o poeta".

 

Skármeta voltou a viver em seu país em 1989. Em 2004, o escritor chileno publicou “Neruda por Skármeta”, no qual trata de sua admiração pelo Nobel chileno. 

 

O escritor será velado na sede do Teatro Nacional Chileno, ao lado do palácio presidencial de La Moneda, no Centro de Santiago.


 

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