O Exército israelense bombardeou nesta quarta-feira (16) uma área do subúrbio ao sul de Beirute, reduto do movimento pró-Irã Hezbollah, e uma grande cidade do sul do país, depois que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que é contrário a um cessar-fogo "unilateral" no Líbano.

Ao sul da capital libanesa, um bombardeio atingiu durante o amanhecer o bairro xiita de Haret Hreik, minutos após o Exército israelense recomendar a saída dos moradores da área.

As forças israelenses anunciaram que atingiram um depósito de "armas estratégicas que pertence à organização terrorista Hezbollah", embora o governo dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, tenha afirmado na terça-feira que é contrário à campanha de bombardeios em Beirute.

Este foi o primeiro bombardeio em vários dias na periferia sul de Beirute, onde o Exército concentrou os ataques desde o início de sua campanha no Líbano há quase um mês, antes de bombardear outras zonas do leste e sul do país.

Em Nabatieh, região sul do Líbano, Israel efetuou mais de 10 bombardeios contra a capital provincial, reduto dos movimentos xiitas Hezbollah e Amal, informou a governadora da província, Howaida Turk.

Entre as "várias pessoas" que morreram nos ataques, que atingiram dois edifícios da prefeitura, está o prefeito de Nabatieh, Ahmad Kahil, informou a governadora, que descreveu "um massacre". O Ministério da Saúde libanês anunciou um balanço de pelo menos cinco mortes.

Desde 23 de setembro, quando Israel iniciou a campanha de bombardeios no Líbano, ao menos 1.356 pessoas morreram no país, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Além disso, a intervenção israelense forçou quase 700 mil moradores a abandonarem as suas casas, segundo a ONU.

Após quase um ano de confrontos com o Hezbollah na fronteira israelense-libanesa e depois de enfraquecer o Hamas na Faixa de Gaza, em meados de setembro o Exército israelense modificou o foco da guerra para o Líbano, onde intensificou os ataques contra os redutos do movimento xiita.

O objetivo é afastar o Hezbollah das regiões fronteiriças e acabar com os lançamentos de foguetes para que quase 60 mil israelenses deslocados possam retornar para casa.

- Netanyahu descarta "cessar-fogo unilateral" -

O Hezbollah, que alegou agir em apoio ao Hamas, abriu uma frente contra Israel em 8 de outubro de 2023, um dia depois do ataque executado pelos islamistas palestinos em Israel que desencadeou a guerra em Gaza.

Na terça-feira à noite, o grupo pró-Irã anunciou o lançamento de foguetes contra Safed, norte de Israel, e contra posições da artilharia israelense em Dalton e Dishon (nordeste). 

O Exército israelense informou que 50 mísseis foram disparados do Líbano contra o norte do país, sem causar vítimas.

O número dois do movimento xiita, Naim Qasem, alertou na terça-feira que seu grupo executaria ataques em "todo" Israel e insistiu que "a solução" para acabar com a guerra no Líbano é um "cessar-fogo".

Mas o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu descartou a possibilidade de um cessar-fogo "unilateral" que, segundo ele, não impediria o reagrupamento na fronteira dos combatentes do Hezbollah.

- "Esforços para proteger a paz" -

Enquanto prossegue com sua guerra contra o Hezbollah no Líbano e contra o Hamas na Faixa de Gaza, os israelenses continuam preparando uma resposta ao ataque com mísseis do Irã no dia 1º de outubro.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, alertou que o país está preparado para dar uma resposta "decisiva" caso Israel decida atacar seu território, durante uma conversa telefônica com o secretário-geral da ONU, António Guterres.

"O Irã, apesar de todos os esforços para proteger a paz e a segurança da região, está plenamente preparado para uma resposta decisiva a Israel em caso de ataque", afirmou o chefe da diplomacia do país, segundo um comunicado divulgado pelo governo iraniano.

Em Gaza, as tropas israelenses prosseguem com a ofensiva no norte do território, em particular em Jabaliya, onde, afirma, o Hamas tenta reconstituir suas forças.

O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 matou 1.206 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um levantamento baseado em números oficiais israelenses, que inclui os reféns que morreram em cativeiro em Gaza.

Ao menos 42.409 palestinos morreram, a maioria civis, na ofensiva de retaliação israelense em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

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