O influente sindicato dos empresários de Honduras expressou, nesta quarta-feira (16), "preocupação" pelo fim do tratado de extradição com os Estados Unidos, que permitiu a entrega de cerca de cinquenta narcotraficantes hondurenhos.
Em 28 de agosto, a presidente de esquerda hondurenha, Xiomara Castro, anunciou o término do acordo, que estava em vigor desde 1912 e sendo aplicado desde 2014.
"Expressamos nossa preocupação" pela "denúncia do convênio de extradição com os Estados Unidos", disse a presidente do Conselho Hondurenho da Empresa Privada (Cohep), Anabel Gallardo, em entrevista coletiva.
"Isto compromete a luta contra o crime organizado", afirmou Gallardo. "Pode acabar afetando negativamente a imagem do país", sublinhou a chefe do Cohep, a entidade que reúne o setor privado hondurenho.
De acordo com o tratado, cerca de cinquenta hondurenhos procurados por narcotráfico foram extraditados para os Estados Unidos, incluindo o ex-presidente Juan Orlando Hernández (2014-2022), que foi condenado a 45 anos de prisão.
O acordo era considerado uma ferramenta-chave para desmantelar o "narco-Estado" que, segundo a justiça americana, foi criado em Honduras durante o governo de Hernández.
Castro argumentou que o tratado a colocava "em risco" de sofrer um "novo golpe de Estado", como o que derrubou em 2009 o governo de seu marido, o ex-presidente Manuel Zelaya. No entanto, a oposição afirmou que a decisão foi tomada para proteger membros de seu governo e de sua família.
Poucos dias após a decisão, o cunhado da presidente, Carlos Zelaya, renunciou ao cargo de deputado, após a divulgação de um vídeo no qual aparece negociando financiamento de sua campanha com chefes do tráfico de drogas em 2013.
O filho do deputado, José Manuel Zelaya, também renunciou ao cargo de ministro da Defesa em solidariedade ao pai.
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