Israel efetuou nesta sexta-feira (18) novos bombardeios na Faixa de Gaza, após infligir um duro golpe ao movimento islamista palestino Hamas com o assassinato de seu líder, Yahya Sinwar.

As tropas israelenses, que atuam em duas frentes, em Gaza e no Líbano, anunciaram na quinta-feira a morte de Sinwar, eliminado durante uma operação de seus soldados em Rafah, sul da Faixa de Gaza.

Ao mesmo tempo, o Exército prossegue com a ofensiva no Líbano contra o Hezbollah, aliado do Hamas e também apoiado pelo Irã.

A morte do líder do Hamas, considerado o arquiteto do ataque sem precedentes de 7 de outubro de 2023 no território israelense, marca "o início do fim" da guerra em Gaza, afirmou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

O comandante do Estado-Maior do Exército, general Herzi Halevi, garantiu que a guerra "não vai parar" antes da captura de todos os autores do ataque e do retorno de "todos os reféns" detidos em Gaza, os dois objetivos declarados por Israel em sua ofensiva no território palestino.

O Hamas confirmou nesta sexta-feira a morte de seu líder, mas afirmou que o grupo não será eliminado.

"Parece que Israel pensa que matar nossos líderes significa o fim de nosso movimento e da luta do povo palestino", declarou à AFP Basem Naim, membro do gabinete político do movimento.

"O Hamas é um movimento liderado por pessoas que buscam a liberdade e a dignidade, e isso não pode ser eliminado", acrescentou.

O movimento islamista alertou que não libertará os reféns em sua posse até que Israel termine a guerra em Gaza, se retire do território palestino e liberte os palestinos presos. 

Os reféns não serão livres "a menos que a agressão contra o nosso povo cesse, aconteça uma retirada completa e os nossos heroicos prisioneiros sejam libertados das prisões da ocupação", declarou Khalil al-Hayya, um alto funcionário do Hamas radicado no Catar, em um vídeo

Sinwar, 61 anos, liderava o Hamas desde 2017 e foi nomeado líder político do movimento em agosto, após a morte de Ismail Haniyeh, assassinado em Teerã em 31 de julho em um ataque atribuído a Israel.

- "Caminho para a paz" -

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, celebrou o anúncio da morte e afirmou que esta "é uma oportunidade para buscar o caminho da paz".

O Fórum de Famílias, a principal associação de parentes de reféns em Israel, fez um apelo para "aproveitar este grande avanço para garantir o retorno" dos últimos reféns. 

Em Tel Aviv, diante do necrotério para onde o corpo de Sinwar foi levado para "exames adicionais", segundo a polícia, várias pessoas dançaram e cantaram, segundo imagens da AFP.

A morte de Sinwar aconteceu em um contexto de tensão máxima no Oriente Médio, com Israel bombardeando posições do Hezbollah no Líbano desde 23 de setembro.

Após um ano de fogo cruzado na fronteira, Israel iniciou uma ofensiva terrestre no sul do Líbano contra o Hezbollah em 30 de setembro.

O objetivo é permitir o retorno ao norte de seu território de quase 60 mil pessoas deslocadas no ano passado pelos disparos de foguetes.

A agência oficial de notícias libanesa ANI informou nesta sexta-feira sobre novas incursões israelenses em vilarejos do sul durante a noite, incluindo uma que destruiu a antiga mesquita de Majdel Selm, perto da fronteira. 

O Hezbollah afirmou que lançou uma "série de foguetes" contra o norte de Israel e anunciou durante a noite que atacou soldados israelenses perto de duas localidades na fronteira. 

- "Risco real" de fome em Gaza -

Ao menos 1.418 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. A ONU contabiliza quase 700 mil deslocados. 

Na Faixa de Gaza, um correspondente da AFP e a Defesa Civil relataram vários bombardeios durante a noite. Três crianças morreram no norte de Gaza, segundo a Defesa Civil, enquanto um ataque com drones matou dois palestinos na mesma área.

O Exército anunciou que prossegue com as operações em Jabaliya, no norte do território, onde afirma que o Hamas está tentando reagrupar suas forças.

A agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) alerta para um "risco real" de fome no território palestino e acusa "vários membros do governo israelense" de transformar o perigo em uma "arma de guerra". 

Pelo menos 42.438 pessoas morreram, a maioria civis, na ofensiva de retaliação israelense em Gaza, segundo os dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.

O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 deixou 1.206 mortos em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses que inclui os reféns que morreram em cativeiro. 

No dia, 251 pessoas foram sequestradas, das quais 97 permanecem em cativeiro, incluindo 34 que foram declaradas mortas pelo Exército.

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