A morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, despertou novos apelos à libertação de reféns sequestrados pelo movimento islamista palestino na Faixa de Gaza. 

Familiares e apoiadores expressaram seu otimismo de que a morte do mentor dos ataques de 7 de outubro de 2023 pode revitalizar o diálogo para libertar os reféns. 

Mas a morte de Sinwar poderá levar a um vácuo de poder no Hamas, alertam vários analistas. 

Em uma manifestação pela libertação dos reféns em Tel Aviv, horas depois de Israel anunciar a morte de Sinwar, Sisil, de 60 anos, disse à AFP que há "uma oportunidade única na vida" de alcançar "um acordo sobre os reféns para acabar com a guerra". 

Já Yoram, morador de Tel Aviv, de 50 anos, classificou o momento como "aterrorizante". 

"Ninguém sabe realmente o que vai acontecer", disse. "É por isso que vim apoiar as famílias". 

O Fórum das Famílias de Reféns comemorou a eliminação de Sinwar, "responsável pelo assassinato de milhares de pessoas e pelo sequestro de centenas" e "um dos maiores obstáculos" a um acordo. 

"Apelamos ao governo israelense, aos líderes mundiais e aos países mediadores para que transformem esta conquista militar em uma conquista diplomática" para a libertação dos reféns em Gaza", disse o grupo. 

Dos 251 reféns tomados pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro de 2023, 97 permanecem em Gaza, incluindo 34 que o Exército israelense declarou como mortos.

- Oportunidade -

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu ao Hamas que liberte os reféns. "Quem depuser as armas e entregar nossos reféns, permitiremos que continuem vivos", declarou. 

O chefe da diplomacia israelense, Israel Katz, afirmou que a morte de Sinwar "cria uma oportunidade para a libertação imediata dos reféns e abre caminho para uma mudança que conduza a uma nova realidade em Gaza". 

Até agora, nenhum acordo foi alcançado para libertar os reféns e pôr fim à guerra entre Israel e o Hamas, após meses de negociações mediadas pelo Catar, Egito e Estados Unidos. 

As negociações continuam paralisadas desde que os diálogos presenciais foram interrompidos em agosto, sem acordo. Apesar da pressão internacional, tanto Israel quanto o Hamas endureceram suas posições. 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que a morte de Sinwar elimina um obstáculo importante para um cessar-fogo em Gaza e um acordo sobre os reféns. 

O Ministério das Relações Exteriores do Catar indicou em um comunicado que seu primeiro-ministro, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, conversou por telefone com o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, sobre "as últimas atualizações dos esforços conjuntos de mediação para acabar com a guerra".

- Grave perigo -

No entanto, vários analistas alertam que a incerteza despertada pela morte de Sinwar pode criar uma ameaça potencial. 

O israelense Guy Aviad, especialista em Hamas, diz: "embora tenhamos eliminado Sinwar, neste momento existe um grave perigo para os reféns". 

Segundo este historiador militar, o irmão mais novo do líder assassinado, Mohammed Sinwar, ficou encarregado dos reféns e "talvez tente vingar a morte do irmão". 

Para o analista de Oriente Médio Andreas Krieg, a morte de Sinwar poderá encorajar Netanyahu e prejudicar as perspectivas dos reféns. 

"Netanyahu fez o possível para obstar qualquer diálogo de mediação e agora pode dizer que está muito mais próximo da sua solução militar", comenta o analista do King’s College London. 

"Recuperar os reféns não tem sido a prioridade de Netanyahu e não acredito que será no futuro", acrescenta. 

Após a última rodada de diálogos em agosto, Netanyahu reiterou os apelos para que Israel controle o Corredor Filadélfia na fronteira entre Gaza e Egito, um ponto de discórdia nas negociações.

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