A 16ª edição da maior conferência mundial sobre proteção da natureza começa oficialmente nesta segunda-feira (21) na Colômbia, com os países pressionados pelo chefe da ONU para "passar das palavras às ações" e aumentar um fundo milionário para travar a perda de biodiversidade. 

Na abertura da COP16, realizada na véspera, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou às partes para que façam um "investimento significativo" no Fundo Marco Global para a Biodiversidade (GBFF), criado no ano passado, e a "comprometer-se a mobilizar outras fontes de financiamento público e privado". 

"Aqueles que lucram com a natureza devem contribuir para a sua proteção e restauração", disse Guterres em uma mensagem de vídeo transmitida aos delegados reunidos em Cali, uma cidade no sudoeste da Colômbia em alerta máximo após ameaças de um grupo guerrilheiro. 

O GBFF foi criado para ajudar os países a alcançar os objetivos do chamado Marco Global de Biodiversidade Kunming-Montreal, adotado na COP15 do Canadá em 2022, com 23 metas para "deter e reverter" a perda de biodiversidade até 2030.

Até agora, os países comprometeram-se a contribuir com cerca de 250 milhões de dólares (1,4 bilhão de reais na cotação atual) para o fundo, de acordo com as agências que supervisionam o processo. 

As contribuições fazem parte de um acordo mais amplo para os países mobilizarem pelo menos 200 bilhões de dólares (1,13 trilhão de reais na cotação atual) anuais até 2030 para a biodiversidade, incluindo 20 bilhões de dólares (113 bilhões de reais) anuais até 2025 procedentes de nações ricas para ajudar os países em desenvolvimento. 

Guterres destacou que a destruição ambiental aumenta os conflitos, a fome e as doenças, alimenta a pobreza e reduz o Produto Interno Bruto (PIB).

"Um colapso dos serviços da natureza – como a polinização e a água potável – significaria uma perda de trilhões de dólares por ano para a economia global, sendo os mais pobres os mais afetados", disse ele.

- "Paz com a natureza" -

Cerca de 12 mil delegados de quase 200 países, incluindo uma dúzia de chefes de Estado e 140 ministros, chegarão para este evento que durará até 1º de novembro. 

Sob o lema "Paz com a natureza", a cúpula tem a tarefa urgente de conceber mecanismos de monitoramento e financiamento que garantam o cumprimento dos objetivos definidos pela ONU. 

No entanto, a maior facção dissidente da extinta guerrilha das Farc, o Estado-Maior Central (EMC), está em guerra contra o governo e pretende impedir o evento, em meio a um conflito armado interno de seis décadas que deixou mais de 9 milhões de vítimas. 

No domingo, o Exército prendeu três pessoas na rodovia entre Cali e a vizinha Popayán, depois de tomar conhecimento de um "posto de controle ilegal" por combatentes da frente Dagoberto Ramos, vinculados ao EMC, que portavam armas e explosivos.

As tensões na região ocorrem uma semana depois que o presidente colombiano, o esquerdista Gustavo Petro, decidiu intervir junto ao Exército em um reduto do EMC conhecido como Micay Canyon, no departamento de Cauca (sudoeste). 

Quase 11 mil policiais e soldados colombianos, apoiados por pessoal de segurança da ONU e dos Estados Unidos, foram mobilizados em Cali.

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