Transportadores bloquearam, nesta quarta-feira (23), as vias da cidade de La Paz, sede do governo da Bolívia, em protesto contra o presidente, Luis Arce, pela falta de combustível que gerou grandes filas para acessar os postos de gasolina.

"Não tem combustível. Não podemos trabalhar, estamos parados há oito horas (esperando). Alguns dormiram na fila a noite toda" para conseguir gasolina, disse à AFP Juan Mamani, um motorista de ônibus de 53 anos, que impede o trânsito com seus companheiros em uma rua na zona sul de La Paz.

O governo de Arce atribui o desabastecimento aos bloqueios de estradas no centro do país por partidários do ex-presidente Evo Morales, que exigem “o fim da perseguição judicial” contra seu líder, que está sendo investigado por supostamente ter abusado de um menor durante seu mandato.

A chamada “greve das mil esquinas”, que restringirá o tráfego de veículos por 24 horas em La Paz, foi convocada pelo principal sindicato de transportes local.

Nas avenidas principais da cidade foram localizados 19 pontos de bloqueio, informou o comandante da polícia, Gunther Agudo, para a emissora Red Uno.

Os motoristas usam cordas, paus e seus próprios veículos para bloquear algumas ruas de La Paz. No centro da cidade, apenas alguns veículos particulares e táxis circulam, enquanto nos bairros mais afastados não há trânsito.

De acordo com o líder sindical Santos Escalante, a polícia prendeu dois motoristas.

“E por que a polícia não tem a mesma iniciativa para ir e desbloquear o Trópico (de Cochabamba, onde se concentram os bloqueios dos partidários de Morales)?

Em 14 de outubro, camponeses pró-Morales começaram a tomar as rodovias que ligam Cochabamba a La Paz, Oruro, Sucre, Potosí e Santa Cruz, o que afetou as cadeias de suprimento de combustível e outros produtos básicos.

A Bolívia tem problemas para importar combustível devido à falta de dólares. O Estado paga 86 centavos de dólar por litro de gasolina no exterior e a vende no mercado interno por 53 centavos de dólar.

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