O presidente russo, Vladimir Putin, descreveu a perspectiva de uma derrota russa na Ucrânia como "ilusória" nesta quinta-feira (24), antes da sua primeira reunião com o secretário-geral da ONU, António Guterres, em mais de dois anos. 

Os adversários da Rússia "não escondem o seu objetivo de proporcionar ao nosso país uma derrota estratégica", declarou Putin durante a cúpula dos Brics na cidade russa de Kazan, onde Moscou espera forjar uma frente unida das economias emergentes contra as potências ocidentais. 

"Direi diretamente que estes são cálculos ilusórios que só podem ser feitos por aqueles que não conhecem a história da Rússia", acrescentou. 

Pouco antes do seu discurso, os deputados russos ratificaram um tratado de defesa com a Coreia do Norte, em meio a relatos de que Pyongyang enviou milhares de soldados à Rússia para uma possível mobilização na Ucrânia. 

A Coreia do Sul e os Estados Unidos afirmam que há soldados norte-coreanos sendo treinados na Rússia para intervir no conflito.

Na cúpula, o presidente chinês, Xi Jinping, alertou para os "sérios desafios globais" que o planeta enfrenta e disse esperar que os Brics sejam uma "força estabilizadora para a paz".

"Precisamos continuar pressionando por um cessar-fogo em Gaza, retomar a solução de dois Estados e impedir a propagação da guerra no Líbano. Não deve haver mais sofrimento e destruição na Palestina e no Líbano", disse Xi. 

Por sua vez, Putin alertou que o Oriente Médio está "à beira de uma guerra total".

- Apelos pelo fim da guerra -

O líder russo enfrentou apelos dos seus aliados do Brics para pôr fim ao conflito na Ucrânia, onde Moscou lançou uma ofensiva em fevereiro de 2022. 

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, falou na terça-feira a favor de um fim "pacífico" para o conflito, e o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, também pediu o seu fim. 

Guterres criticou insistentemente a campanha militar russa na Ucrânia, que descreve como um "precedente perigoso" para o mundo. 

O secretário-geral da ONU apelou nesta quinta-feira a uma "paz justa" na Ucrânia e o fim "imediato" das hostilidades em Gaza e no Líbano. 

Putin não demorou a reagir. "Infelizmente, nas famílias há muitas vezes conflitos, escândalos, disputas por propriedades e às vezes até brigas", disse ele. 

Os dois líderes encontraram-se pela última vez nas primeiras semanas da ofensiva, quando Guterres viajou para Moscou durante o cerco de Mariupol, no sul da Ucrânia. 

Desde então, Guterres participou nos esforços de paz entre os dois lados e ajudou a negociar um acordo que permitiu à Ucrânia exportar cereais dos seus portos em 2022.

Depois disso, houve pouco contato diplomático direto entre os dois países.

A Ucrânia criticou duramente a decisão de Guterres de se reunir com Putin. 

O porta-voz da ONU, Farhan Haq, afirmou que o secretário-geral aproveitaria a reunião com Putin para "reafirmar as suas posições conhecidas sobre a guerra na Ucrânia". 

Ele acrescentou que Guterres está pronto para oferecer sua mediação, mas esperaria o momento certo para fazê-lo.

A gestão da ONU foi questionada pelo presidente do Irã, Masud Pezeshkian, que acusou a organização de ser ineficaz para acabar com a guerra no Oriente Médio. 

O grupo Brics nasceu em 2009 com quatro membros – Brasil, Rússia, Índia e China – e posteriormente expandiu-se com África do Sul, Egito, Irã, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. 

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, participa da cúpula em busca de cooperação e investimentos, segundo o presidente.

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