Os restos mortais de 16 civis declarados desaparecidos no conflito entre o Estado peruano e a guerrilha maoista Sendero Luminoso foram identificados e entregues a suas famílias nesta quinta-feira (24), em uma cerimônia pública.

O ato ocorreu na catedral da cidade de Ayacucho (a cerca de 500 km de Lima), onde o Sendero Luminoso concentrou suas operações desde os anos 1980 antes de ser dizimado a sangue e fogo no governo de Alberto Fujimori (1990-2000).

"Hoje não restituímos só ossadas, mas também dignidade e memória para aqueles que sofreram em uma época de violência", disse Javier Pacheco, diretor de Buscas de Pessoas Desaparecidas do Ministério da Justiça.

As vítimas, entre elas quatro mulheres, foram reportadas como desaparecidas há quatro décadas. As autoridades finalmente conseguiram localizar seus restos mortais este ano em uma vala comum em Ayacucho.

Segundo o Ministério Público peruano, os 16 camponeses foram executados pelo Sendero Luminoso.

Tanto os militares quanto os rebeldes de extrema esquerda matavam civis sob a acusação de cooperação com o adversário.

O conflito peruano deixou 69 mil mortos e 21 mil desaparecidos, segundo a Comissão da Verdade e Reconciliação (CVR) estabeleceu em 2003.

Cerca de 40% dos casos de desaparecimentos forçados foram registrados em Ayacucho.

"Depois de tantos anos estas famílias terão consolo. Destas 16 pessoas ficaram seus filhos e filhas órfãos, sem conhecer seus pais e mães", assinalou durante o ato de entrega Lidia Flores, presidente da Associação Nacional de Familiares de Sequestrados, Detidos e Desaparecidos do Peru.

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